Por Luciano Alegre

Olá amigos do Morada do Campo, aqui Luciano Alegre para o nosso momento AgroFinanceiro de hoje.

Recentemente, um estudo da Embrapa revelou um perfil surpreendente das propriedades que cultivam soja no Brasil. Contrariando a crença comum de que apenas grandes produtores se dedicam a essa cultura, o levantamento mostrou que 73% das propriedades com soja possuem menos de 50 hectares. No total, são 236 mil estabelecimentos rurais com soja no país, sendo a maioria deles no Sul (196 mil), seguido pelo Centro-Oeste (22 mil), Sudeste (13 mil) e Norte/Nordeste (3.600). Ao olharmos para o total de estabelecimentos rurais do Brasil, de acordo com informações do Cadastro Ambiental Rural, são mais de 6 milhões de estabelecimentos, percebemos que há uma fatia grande de estabelecimentos com outras atividades agropecuárias.

Apesar da alta concentração de pequenas propriedades no Sul, a produção de soja é predominantemente do Centro-Oeste, que estima uma produção de 67 milhões de toneladas este ano, de um total de mais de 120 milhões de toneladas no Brasil. O Sul contribui com 41 milhões, o Norte/Nordeste com 26 milhões e o Sudeste com 11 milhões. Isso evidencia o perfil de grandes fazendas na região central do país, enquanto no Rio Grande do Sul e Paraná, 80% das propriedades têm menos de 50 hectares.

Essa diferença de perfil entre as regiões é atribuída principalmente à rentabilidade. Durante o boom das commodities agrícolas entre 2000 e 2014, o preço da soja aumentou significativamente, atraindo até pequenos produtores. No início dos anos 2000, a saca de soja valia R$18,20, e hoje está em torno de R$134, preço porto. Embora a margem de lucro tenha reduzido, a soja continua sendo uma cultura lucrativa e amplamente difundida pelo país, com muita tecnologia aplicada.

Além disso, a região Norte e Nordeste, relativamente nova na produção de soja, já superou o Sudeste em volume de produção. A migração de produtores do Sul, principalmente gaúchos, para o Centro-Oeste e o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) também contribuiu para essa expansão.

É fundamental entender que o agronegócio no Brasil é muito diversificado. Embora a soja seja uma das principais commodities, representa apenas uma parte desse universo. Por exemplo, recentemente, o Brasil se tornou o maior exportador mundial de algodão, superando os Estados Unidos. Isso foi possível graças a um esforço significativo da cadeia produtiva, melhorando a produtividade e a qualidade do algodão brasileiro.

Quando olhamos pelo lado financeiro, afirmo que olhar as finanças do negócio não é só para grandes empreendimentos, mas principalmente para os pequenos empreendimentos, onde qualquer equívoco pode comprometer o sustento da família. 

Quanto custa produzir um saco de soja no seu negócio?

Pense nisso e até o nosso próximo momento AgroFinanceiro. Quem quiser, nos acompanhar nas redes sociais, é só seguir o @olucianoalegre no Instagram. 

Até mais...

*Luciano dos Santos Alegre, Engenheiro Agrônomo e especialista em finanças, consultor para empresas rurais em todo o Brasil com mais de 10 anos de experiência no agronegócio.