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,08/09/2024

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Estudo da Embrapa fortalece práticas de ILPF no Brasil

Estudo da Embrapa Agrossilvipastoril revela estratégias eficazes para o plantio de árvores em sistemas ILPF após 12 anos de pesquisa.


Estudo da Embrapa fortalece práticas de ILPF no Brasil Resultados do estudo contribuem para recomendações sobre uso do componente arbóreo nos sistemas integrados / Foto: Gabriel Faria

A Embrapa Agrossilvipastoril está concluindo o primeiro ciclo de 12 anos do maior experimento mundial com sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), localizado em Sinop (MT). As pesquisas forneceram resultados robustos que auxiliam na recomendação do uso do componente arbóreo nesses sistemas produtivos, possibilitando uma tomada de decisão mais embasada pelos produtores rurais.

Definição de Estratégias

A escolha da estratégia de uso das árvores em sistemas ILPF deve considerar diversos fatores, como a destinação da madeira, o mercado consumidor, a forma de colheita e o uso das árvores para adição ou substituição de renda. Essa análise detalhada torna cada projeto único e deve ser baseada em fundamentos técnicos sólidos obtidos pela pesquisa da Embrapa.

Detalhes da Pesquisa

O estudo utilizou o eucalipto (clone H13), uma espécie de rápido crescimento e múltiplos usos. As árvores foram testadas em sistemas de integração lavoura-floresta (ILF), pecuária-floresta (IPF) e ILPF, além da monocultura como controle. O plantio inicial foi feito em renques de três linhas distantes 30 metros entre si, e após intervenções, algumas das linhas externas foram removidas, ficando como linhas simples espaçadas em 37 metros.

A pesquisa acompanhou o desenvolvimento das árvores, operações de manejo, dados de crescimento, acúmulo de biomassa e carbono, efeito bordadura dos renques e estoque de madeira, entre outros.

Resultados de Produção

Ao longo de 12 anos, os sistemas integrados produziram entre 87 m³ e 114 m³ de madeira por hectare. A quantidade de árvores conduzidas até o fim do experimento influenciou esses volumes, destacando que um maior número de árvores impacta a produção de grãos e forragem.

"Quando falamos em sistemas de integração, devemos pensar na produtividade de todo o sistema. Se eu aumento o número de árvores, terei redução na produção da lavoura e da pecuária. Portanto, o maior número de árvores deve fazer sentido na avaliação global", explica o pesquisador Maurel Behling.

A monocultura de eucalipto produziu 350 m³/ha em 12 anos, alinhando-se à média anual de incremento do H13 em áreas de silvicultura em Mato Grosso, que é de 32 m³/ha.

Crescimento e Acúmulo de Carbono

Os dados de crescimento em altura, diâmetro à altura do peito (DAP) e volume de madeira indicaram que os sistemas integrados promovem o efeito bordadura, onde as árvores externas recebem mais luz, água e nutrientes, resultando em maior crescimento.

O sistema ILPF, que teve renques triplos convertidos em renque simples, foi o que mais acumulou carbono, com mais de 30 kg/ano por árvore, um valor superior aos cerca de 20 kg/ano na monocultura.

"Além de favorecer o ganho em volume das árvores, com maior potencial para serraria, há uma maior taxa de acúmulo de carbono nas árvores no ILPF. É um carbono com ciclo de vida potencialmente mais longo", destaca Behling.

Recomendações Práticas

Os resultados do experimento, somados às experiências de produtores em Unidades de Referência Tecnológica em Mato Grosso, fornecem subsídios importantes para o planejamento de sistemas ILPF. Behling ressalta que, para adicionar renda ou melhorar o conforto térmico para o gado, sistemas com linha simples são mais indicados. Já para modelos com maior número de árvores, a venda deve compensar as perdas de produção na lavoura e pecuária.

"Se o objetivo é produzir biomassa, é importante adequar o número de linhas ao parque de máquinas que fará a colheita, viabilizando o custo", orienta Behling.

A análise do mercado consumidor da madeira é essencial no planejamento. Madeira para serraria tem maior valor agregado, mas requer infraestrutura de processamento. Na região médio-norte de Mato Grosso, a demanda por biomassa para caldeiras aumentou com o surgimento de usinas de etanol de milho, mudando o cenário em relação a 2011, quando o experimento foi iniciado.

Fim de Ciclo e Novas Pesquisas

O primeiro ciclo do experimento de ILPF focado na pecuária de corte e produção de grãos está sendo finalizado com o corte raso dos eucaliptos após 12 anos. Com o término deste ciclo, um novo estudo está previsto para iniciar no próximo período chuvoso, incluindo a teca como componente arbóreo e testando o consórcio com eucalipto, visando manter o conforto térmico e escalonar as receitas obtidas com as árvores.

Outros Resultados

Além da pesquisa principal, o experimento revelou que lavouras podem manter produtividade mesmo com árvores crescidas, sistemas ILPF alteram a dinâmica de ocorrência de pragas, resultam em maior ganho de peso na pecuária de corte e registram melhores índices de precocidade sexual de novilhas.

Importância Global

O experimento de ILPF da Embrapa Agrossilvipastoril é um dos maiores do mundo, abrangendo 72 hectares com dez tratamentos distintos. Desde a instalação, pesquisadores de diversas especialidades analisaram aspectos como solo, dinâmica de água, microclima, forragicultura, sanidade animal e vegetal, microbiologia e emissão de gases de efeito estufa, contribuindo para o avanço do conhecimento em sistemas integrados.

Sistema PPS

Entre os destaques está o Sistema PPS (Precocidade, Produtividade e Sustentabilidade), uma estratégia de manejo da pecuária de cria utilizando ILP e IPF, demonstrando a viabilidade e benefícios dos sistemas integrados para a produção sustentável.




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