A mão de obra no campo
*Por: Luciano dos Santos Alegre
Olá amigos, aqui Luciano Alegre para o nosso momento AgroFinanceiro de hoje.
Hoje vamos discutir um tema relevante que sempre surge nas conversas do dia a dia: a mão de obra no campo.
O IMEA - Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária, realizou uma pesquisa intitulada "MÃO DE OBRA - Um desafio para os produtores rurais do Mato Grosso". Essa pesquisa revela dados importantes sobre a mão de obra no agronegócio local, destacando os principais desafios na contratação de profissionais qualificados. Ela também fornece informações sobre o perfil dos produtores, características das propriedades, detalhes sobre a mão de obra e o uso de tecnologias. Vale ressaltar que a pesquisa teve um tratamento estatístico rigoroso e a amostra foi representativa em cada macrorregião do estado.
Ao avaliar a idade média dos produtores rurais, identificamos que a média é de 51 anos. Dividindo a amostra em faixas de 10 anos, quase 21% dos produtores têm entre 50 e 59 anos. Observamos um certo equilíbrio nas faixas etárias de 30 a 39 anos, 40 a 49 anos e 50 a 59 anos, que juntas representam aproximadamente 60% dos produtores rurais do estado.
Há uma presença significativa de produtores com idade de 50 anos ou mais, o que pode sugerir alguns desafios na transição geracional dentro das propriedades rurais. A sucessão pode ser uma questão crítica a ser abordada para garantir a continuidade das operações agrícolas. Por outro lado, o conhecimento que se pode compartilhar entre as gerações é um fator positivo, já que mais de 53% dos produtores rurais possuem mais de 20 anos no agro. A chave disso está na comunicação, talvez o que estamos falando não é o que estamos querendo comunicar.
O tamanho médio das propriedades rurais no estado está entre 1.001 e 2.500 hectares, representando 27,8% do total da pesquisa. Essas mesmas propriedades possuem na média 11 funcionários, quase 3 vezes mais do que a faixa anterior que é de 501 e 1.000 hectares. A quantidade de funcionários permanece em um crescimento linear até os 5.000 hectares, onde dá um salto considerável e mais que triplica para a faixa acima dos 5.000 hectares.
Quando se fala em remuneração, a pesquisa aponta que 47,6% dos produtores rurais adotam algum tipo de bonificação para seus funcionários fixos.
Nesta pesquisa há também a opinião dos produtores rurais quanto a dificuldade de encontrar novos funcionários, 70% dos entrevistados apontaram alta dificuldade em encontrar novos funcionários. Isso vai ao encontro da informação sobre a existência de funcionários de outros estados brasileiros, quase 30% dos funcionários fixos são de outros estados. Dentre as maiores necessidades de funcionários estão operadores de máquinas e vaqueiros.
A principal dificuldade enfrentada pelos produtores rurais do Mato Grosso é a falta de qualificação técnica dos funcionários para atender à demanda do trabalho, citada por quase 58% dos entrevistados. Andando pelo Brasil percebo que isso não acontece somente no Mato Grosso.
Pergunto: isso também é um problema na sua fazenda? Se sim, o que estamos fazendo para mudar isso? Que tipo de profissional estamos buscando no mercado e o que estamos devolvendo quando ele sai da fazenda? Será que a capacitação interna, pensando em uma carreira dentro da fazenda, não faz sentido?
Talvez você diga: “Mas eu treino e ele vai para outra fazenda ganhar mais.” E como estamos engajando essa equipe? E se seu vizinho fizer o mesmo treinamento, você não irá ao mercado captar outro funcionário mais qualificado? Outros também investirão na formação profissional. É um ciclo virtuoso.
Isso também é gestão.
Pense nisso e até o nosso próximo momento AgroFinanceiro. Quem quiser, nos acompanhar nas redes sociais, é só seguir o @olucianoalegre no Instagram.
Até mais...
*Luciano dos Santos Alegre, Engenheiro Agrônomo e especialista em finanças, consultor para empresas rurais em todo o Brasil com mais de 10 anos de experiência no agronegócio.
COMENTÁRIOS