A guinada do agro na Argentina
*Por: Luciano Alegre
Olá amigos, aqui é o Luciano Alegre para o nosso momento AgroFinanceiro de hoje.
O presidente Javier Milei, da Argentina, anunciou recentemente várias medidas que serão implementadas nos próximos meses. Você deve estar se perguntando: Argentina, Luciano, mas o que tenho a ver com isso? Calma, você vai ouvir o quanto tem a ver.
Em seu discurso, Milei reafirmou seu compromisso com o campo e pediu união para impulsionar a Argentina após décadas de desafios. Entre os principais anúncios, destacam-se:
- Extinção de regulamentações distorcidas do comércio exterior, como a Lei das Gôndolas e a Lei do Abastecimento. A lei das Gôndolas na Argentina foi criada para regular a oferta de alimentos, bebidas, produtos de higiene pessoal e limpeza doméstica nas prateleiras físicas e virtuais dos supermercados. Por sua vez, a lei do Abastecimento foi instituída em 1974 e dá ao governo poderes para controlar preços, lucros e a distribuição de produtos essenciais.
- Revogação da proibição de exportação de sete cortes de carne que estavam proibidos, com o objetivo de manter os preços baixos no mercado doméstico. Os cortes eram: Costela (Asado), Entranha (Falda), Matambre, ponta de peito (tapa de asado), paleta (dianteiro), coxão mole (nalga) e vazio (fraldinha).
- Redução de tarifas sobre herbicidas e eliminação das principais tarifas para fertilizantes, diminuindo os custos desses insumos.
- Abertura de mercados internacionais para produtos agrícolas e derivados, com a China reduzindo tarifas sobre 143 produtos agroindustriais argentinos.
- Aumento da oferta de vacinas contra a febre aftosa, beneficiando 200 mil produtores pecuários com acesso a vacinas mais baratas.
- Redução de 25% dos Direitos de Exportação (DEX) sobre proteína animal, aumentando a rentabilidade dos produtores.
- Desburocratização do comércio de grãos, eliminando a necessidade de inscrição no Cadastro Único da Cadeia Agroalimentar (RUCA).
- Extensão permanente da eliminação dos Direitos de Exportação (DEX) ou “retenciones” ao setor lácteo, garantindo previsibilidade e promovendo competitividade. Isso fará com que a exportação destes produtos seja favorecida e competitiva.
- Promoção de um regime de amortização acelerada para ativos de capital no setor agrícola.
- Redução do Imposto Nacional para 7,5% em setembro.
- Alteração na gestão contábil da pecuária, permitindo que os lucros sejam pagos na venda e não na engorda. Atualmente, a contabilidade da pecuária na Argentina é um tanto complexa, com os lucros sendo registrados durante o processo de engorda, o que gera dificuldades de fluxo de caixa para os produtores. A mudança proposta tem como objetivo aliviar isso, permitindo que os lucros sejam contabilizados apenas no momento da venda, facilitando a gestão financeira das operações agropecuárias no país.
- Implementação de um regime de irrigação com benefícios fiscais para áreas marginais.
- Incentivo à inovação e investimento através de um regime de amortização acelerada de touros com valor genético.
- Compromisso com a estabilidade econômica, visando zerar a inflação e acabar com a imprevisibilidade cambial.
Essas medidas representam um esforço significativo para revitalizar o setor agropecuário argentino, promovendo maior competitividade, inovação e sustentabilidade econômica.
As “retenciones” na comercialização de produtos agropecuários podem não ser somente no setor lácteo, soja e derivados, por exemplo, possuem uma taxa de aproximadamente 30% de retenção na exportação; trigo e milho de 12% a 15% e carnes varia entre 5% a 9%.
Com esse cenário positivo paro setor primário argentino, caso venha a acontecer, poderemos ter um movimento de mercado para os produtos agropecuários mundial, haja visto que a Argentina é um relevante exportador de derivados de soja.
Como estamos preparados para isso? Nosso dever de casa é organizar nossas finanças para não precisarmos vender na baixa de preços ou pelo menos mitigar esse efeito montanha russa.
Pense nisso e até o nosso próximo momento AgroFinanceiro. Quem quiser nos acompanhar nas redes sociais, é só seguir @olucianoalegre no Instagram.
Até mais...
*Luciano dos Santos Alegre, Engenheiro Agrônomo e especialista em finanças, consultor para empresas rurais em todo o Brasil com mais de 10 anos de experiência no agronegócio.
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