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,19/09/2024

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Índia enfrenta desafios na meta de mistura de etanol

O mercado de etanol na Índia, um dos maiores consumidores mundiais, enfrenta desafios significativos para cumprir as metas de mistura com gasolina, refletindo as complexidades políticas e econômicas do país.


Índia enfrenta desafios na meta de mistura de etanol

O mercado de etanol da Índia é marcado por complexidades que vão além da simples demanda por combustíveis mais limpos. Com o objetivo de aumentar a mistura de etanol na gasolina para 20% (E20) até o final de 2024, o país busca consolidar sua posição como um dos maiores consumidores globais de etanol, ao lado de Estados Unidos e Brasil. No entanto, alcançar essa meta enfrenta uma série de desafios, desde limitações na produção agrícola até questões políticas e econômicas internas.

A Índia, que atualmente é o terceiro maior consumidor de etanol do mundo, com um consumo estimado de 6,75 bilhões de litros para o ano-safra 2023/24, projeta aumentar esse volume para 9,67 bilhões de litros no próximo ano, caso a meta de E20 seja cumprida. Este aumento significativo na demanda é parte de uma política agressiva do governo indiano, iniciada em 2003, para incorporar etanol na matriz energética do país, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e as emissões de gases de efeito estufa.

Contudo, a produção de etanol na Índia é altamente dependente de matérias-primas agrícolas, como a cana-de-açúcar e grãos, que também são fundamentais para a segurança alimentar do país. Em um esforço para não inflacionar os preços dos alimentos, o governo indiano impôs restrições severas ao uso de certas matérias-primas para a produção de etanol, especialmente em momentos de escassez agrícola. Em julho de 2023, por exemplo, a estatal responsável pelo abastecimento de alimentos suspendeu a utilização de arroz excedente para destilação de etanol, uma decisão que impactou diretamente a produção do biocombustível.

A produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, por sua vez, tem gerado impactos consideráveis no mercado de açúcar. Estimativas indicam que, para o ano-safra 2024/25, caso a meta de E20 seja adotada, até 5,1 milhões de toneladas de açúcar poderão ser redirecionadas para a produção de etanol, resultando em uma queda na produção de açúcar para 30,7 milhões de toneladas. Este redirecionamento da sacarose afeta o mercado global de açúcar, reduzindo o superávit global e elevando os preços internacionais.

O governo indiano controla rigidamente o mercado de etanol por meio de leilões de compra, onde o preço é definido com base na matéria-prima utilizada. Essas decisões são fortemente influenciadas por considerações políticas e econômicas, o que pode tornar o mercado volátil e imprevisível. Em alguns casos, a produção de etanol foi severamente limitada, resultando em uma mistura de apenas 10,2% no início do ano-safra 2023/24, muito abaixo da meta de 15%.

Apesar dos desafios, o governo indiano tem flexibilizado algumas restrições, permitindo o aumento da produção e mistura de etanol nos meses recentes. Espera-se que a mistura de etanol se estabilize em torno de 14,6% até outubro de 2024, ainda abaixo da meta, mas indicando uma melhoria em relação aos meses anteriores. A continuidade desse crescimento depende de como o governo lidará com as restrições agrícolas e de como ajustará suas políticas de apoio à produção de etanol.

A Índia, portanto, caminha em uma linha tênue entre a expansão de sua produção de etanol e a manutenção da segurança alimentar. O sucesso do programa de etanol no país não apenas impactará seu mercado interno de combustíveis, mas também poderá influenciar significativamente os mercados globais de açúcar e etanol, tornando esse mercado ainda mais enigmático e complexo para os observadores internacionais.





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