O Brasil está prestes a alcançar um marco importante na aviação agrícola. Até 2027, a frota nacional deve superar 3 mil aeronaves, incluindo aviões e helicópteros, operando em diversas culturas. A projeção foi apresentada durante o Congresso da Aviação Agrícola do Brasil (Congresso AvAg 2024), que aconteceu em Santo Antônio do Leverger, Mato Grosso, entre os dias 20 e 22 de agosto.

Segundo Cláudio Júnior Oliveira, diretor operacional do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), o crescimento estimado de quase 10% na frota reflete a expansão contínua do agronegócio brasileiro. Este avanço é impulsionado pela demanda crescente por tecnologias que otimizem a produtividade em culturas como soja, milho, cana-de-açúcar, algodão e florestas.

Cenários e Perspectivas

O estudo apresentado por Oliveira, que também é economista, analisou os diferentes cenários nas cinco regiões do Brasil, destacando a importância do investimento em tecnologia aeroagrícola. Fatores como a procura por eficiência e a capacidade de produção de fabricantes como Embraer, Air Tractor e Thrush, foram considerados fundamentais para atender à crescente demanda.

A capacidade de trabalho das aeronaves agrícolas também foi destacada, com cada unidade sendo responsável por cerca de 50 mil hectares de aplicações anuais. Com o aumento da frota, a área coberta pelos serviços aeroagrícolas deverá crescer de 135,9 milhões para 150,5 milhões de hectares, abrangendo todas as etapas do ciclo agrícola, desde a semeadura até a aplicação de defensivos e maturadores.

Desafios e Oportunidades

Entretanto, o crescimento do setor enfrenta desafios importantes, como a formação de novos pilotos agrícolas. Atualmente, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o Brasil conta com 2.193 pilotos de avião e apenas 21 de helicóptero especializados na área. Além disso, a capacidade limitada de produção de aeronaves pelas fábricas representa um obstáculo a ser superado.

Outro desafio identificado por Oliveira é a persistência de mitos sobre a aviação agrícola, muitas vezes disseminados em debates ideológicos. Esses equívocos podem impactar negativamente a percepção pública e a aceitação da tecnologia, apesar de sua comprovada eficácia e segurança.

Papel Estratégico dos Estados

Os números também mostram a concentração da frota em Estados-chave para a produção agrícola nacional. Mato Grosso lidera com mais de 600 aeronaves, seguido por Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul e Bahia, que juntos somam 87% da frota e respondem por 82% da produção de grãos e frutas do país.

Encerramento do Congresso

O Congresso AvAg 2024, que reuniu mais de 3 mil visitantes, também foi palco para uma mostra tecnológica com 224 marcas nacionais e internacionais, espalhadas por 23 mil metros quadrados de exposição. Além disso, o evento contou com demonstrações aéreas, minicursos e debates que contribuíram para fortalecer a aviação agrícola no Brasil.

Entre os destaques, o Congresso Científico da Aviação Agrícola apresentou 24 trabalhos de pesquisa, evidenciando o papel vital da inovação e do conhecimento técnico para o futuro do setor.

Com essas iniciativas, o Brasil avança firmemente para consolidar sua posição de liderança na aviação agrícola mundial, garantindo a continuidade do desenvolvimento e da competitividade no agronegócio.

Congresso de 2025

Ao término do evento, a presidente do Sindag, Hoana Almeida Santos, anunciou em meio a muita expectativa, que o Congresso de 2025 será novamente em Cuiabá, no aeroporto Santo Antônio, de Santo Antônio do Leverger, devido ao grande sucesso da edição de 2024. Todas as expectativas foram superadas, tanto de público, quanto de expositores. Para o próximo ano o Sindag promete um Congresso Brasileiro da Aviação Agrícola muito maior e com mais relevância ainda.