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,04/12/2024

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Exportações de milho aceleram, mas preços internos ainda não reagem

Safra americana robusta pressiona o mercado de soja, enquanto exportações brasileiras de milho aceleram, e arroz gaúcho ganha valor em meio ao aumento da demanda.


Exportações de milho aceleram, mas preços internos ainda não reagem

O consultor de mercado Vlamir Brandalizze oferece uma visão detalhada sobre as recentes movimentações nos mercados de soja, milho, arroz e carne bovina, destacando as influências climáticas e econômicas que moldam as cotações e a dinâmica de exportações no agronegócio brasileiro.

Soja: Pressões da Safra Americana

O mercado internacional da soja está fortemente influenciado pela safra americana, que se desenvolve em condições excepcionalmente favoráveis. Segundo Brandalizze, mais de 98% das lavouras americanas já estão em fase de florescimento, com 68% delas em estado considerado bom ou excelente. Esse desempenho robusto cria uma pressão descendente sobre os preços, que se estabilizam em torno de US$ 9,50 por bushel para contratos futuros de setembro em Chicago. A China, principal compradora da soja americana, aumentou significativamente suas aquisições, totalizando mais de 600 mil toneladas somente nos três primeiros dias da semana analisada.

No Brasil, a comercialização segue em ritmo lento, com apenas cerca de 17% da nova safra negociada até o momento, muito abaixo dos 30% esperados para esta época do ano. A incerteza climática, especialmente em relação às chuvas, deixa os produtores cautelosos quanto ao início do plantio, previsto para setembro. A expectativa é de um aumento da área plantada, que pode alcançar até 48 milhões de hectares, mas a disponibilidade limitada de sementes e os custos elevados reduzem a margem para erros.

Milho: Exportações em Alta, Preços Internos Estagnados

No mercado de milho, as lavouras americanas também apresentam bom desenvolvimento, com 99% já em florescimento e 67% em condições boas ou excelentes. A expectativa é de uma safra recorde de 382 milhões de toneladas, provenientes de uma área plantada de 36,8 milhões de hectares. As exportações brasileiras estão em ritmo acelerado, com mais de 4 milhões de toneladas embarcadas apenas em agosto e a expectativa é de que esse volume possa chegar a 7 milhões até o final do mês.

Apesar do bom desempenho nas exportações, os preços internos permanecem abaixo do desejado pelos produtores, que buscam valores próximos de R$ 70 por saca, enquanto as cotações oscilam entre R$ 61 e R$ 63. Essa diferença reflete a dificuldade de alinhamento entre as expectativas de vendedores e compradores no mercado interno, com produtores optando por segurar o milho à espera de melhores condições de preço.

Arroz: Valorização no Sul

O mercado de arroz registra uma valorização nas últimas semanas, impulsionada pela demanda crescente das indústrias de beneficiamento. No Rio Grande do Sul, principal estado produtor, o preço da saca subiu cerca de R$ 2 em relação à semana anterior, com negócios sendo fechados na faixa de R$ 120 a R$ 122 por saca de 50 kg, dependendo da qualidade do grão. A tendência de alta é típica para o mês de agosto, quando a reposição de estoques pelas indústrias coincide com um aumento da demanda no varejo.

Além disso, o plantio da nova safra deve começar em setembro, com boas condições de umidade no solo devido às chuvas recentes. No entanto, os produtores mantêm a cautela devido à possibilidade de novas geadas, que podem comprometer o desenvolvimento inicial das lavouras.

Carne Bovina: Exportações em Ritmo Recorde

O setor de carne bovina continua a mostrar força nas exportações, com volumes embarcados em agosto superando as 130 mil toneladas, estabelecendo um novo recorde histórico. No mercado doméstico, a demanda também deu sinais de recuperação, o que contribuiu para uma leve alta nos preços, que já ultrapassam os R$ 230 por arroba em São Paulo.

Segundo Brandalizze, a demanda internacional, liderada por países como China e Estados Unidos, deve continuar a sustentar o mercado brasileiro, com o setor de carne bovina gerando receitas que já ultrapassam os R$ 6 bilhões somente em agosto. Esse desempenho reforça a importância do agronegócio brasileiro no cenário global, especialmente em um mês marcado por desafios climáticos e incertezas econômicas.





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