Durante o Fórum Internacional da Agropecuária (FIAP), realizado em Cuiabá (MT), o assessor especial do Ministério da Agricultura e Pecuária, Carlos Augustin, apresentou o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas Agropecuários e Florestais Sustentáveis (PNCPD). O objetivo é restaurar até 40 milhões de hectares de pastagens degradadas em todo o Brasil ao longo dos próximos 10 anos.

Em sua fala no painel "Estratégias do Brasil para a Construção do Futuro", Augustin destacou a importância da recuperação das pastagens para o setor agropecuário nacional. "O estudo conduzido pela Embrapa apontou que, dos 160 milhões de hectares de pastagens degradadas no Brasil, cerca de 40 milhões podem ser recuperados de forma mais simples, com menor custo econômico. Isso orienta nossa meta", explicou o assessor, que também preside o Conselho de Administração da Embrapa.

A implementação do programa está diretamente ligada a critérios de sustentabilidade, o que reforça a busca por um agronegócio mais competitivo no cenário global. "A recuperação dessas áreas não pode aumentar as emissões de carbono. O prazo estipulado é de 10 anos para garantir que os métodos utilizados sejam sustentáveis e certificados", afirmou Augustin.

Um ponto de destaque do programa é a abrangência em termos de perfis de propriedades rurais. O levantamento inicial mostrou uma adesão significativa de pequenos e médios produtores. "Pensávamos que o programa atrairia principalmente os grandes produtores, mas a realidade se mostrou diferente: 20% dos participantes são grandes produtores, 45% médios e 35% pequenos, distribuídos por todo o país", comentou Augustin.

Com a participação do Banco do Brasil, o PNCPD já conta com um bilhão de reais reservados para o financiamento da conversão de pastagens. O financiamento, no entanto, segue critérios rigorosos. "O objetivo não é apenas aumentar a produção. Queremos que essa produção atenda aos requisitos de sustentabilidade, com baixa emissão de carbono e certificação, para que possamos colocar nossos produtos no mercado global com alta competitividade", ressaltou.

O FIAP, que reuniu lideranças do agronegócio global para discutir o futuro do setor, serviu como uma plataforma importante para a divulgação do programa. A iniciativa ocorre em um momento estratégico, antecedendo as reuniões do Grupo de Trabalho da Agricultura do G20, que reunirá ministros das principais economias mundiais, além de representantes da União Europeia e União Africana.