A evolução da tecnologia na agricultura continua a transformar o setor sucroenergético, com a inteligência artificial (IA) desempenhando um papel cada vez mais importante no manejo de matocompetição na cana-de-açúcar. A utilização de sistemas avançados para identificar e controlar plantas daninhas tem permitido às usinas reduzir custos com herbicidas e aumentar a produtividade dos canaviais, reforçando a eficiência operacional.

Um exemplo desse avanço tecnológico foi o evento "Sinergia", promovido pela Taranis do Brasil, que reuniu representantes de mais de 10 usinas em Ribeirão Preto (SP). No encontro, especialistas discutiram como a adoção de IA está transformando o processo de manejo da matocompetição e o uso de insumos agrícolas. “O valor investido em tecnologia deve ser visto como essencial para melhorias”, destacou João Rosa, sócio-diretor do Pecege Consultoria e Projetos. Ele enfatizou que o correto diagnóstico das áreas afetadas é fundamental para uma gestão assertiva e o uso eficiente de herbicidas.

A Taranis, empresa israelense especializada em monitoramento agrícola, está liderando essa revolução tecnológica. Sua plataforma, baseada em IA, permite o mapeamento de áreas com alta precisão, fornecendo dados quase em tempo real sobre a presença de plantas daninhas. Aviões equipados com sensores avançados coletam até quatro amostras por hectare, identificando rapidamente as espécies invasoras. Isso proporciona uma visão detalhada das áreas infestadas, permitindo que os produtores ajustem o uso de herbicidas de forma precisa, economizando recursos e evitando danos desnecessários às lavouras.

Carlos Martins, Diretor Executivo da Tereos, destaca a importância dessa tecnologia no controle da matocompetição: “A IA está nos permitindo identificar com precisão as espécies de plantas daninhas e tomar decisões mais informadas no manejo. Isso tem um impacto direto na produtividade, pois evita aplicações equivocadas de herbicidas e permite uma ação mais eficiente”.

Com o uso de IA, o tempo de resposta a um problema detectado no campo é significativamente reduzido. “Ter informações precisas em mãos nos dá a chance de corrigir rapidamente qualquer desvio, evitando grandes prejuízos”, explica Marcelo Nicolai, consultor da Agro do Mato. Ele reforça que o acesso rápido a dados confiáveis é fundamental para evitar que o mato se torne um problema econômico para os produtores. O custo do controle inadequado de plantas daninhas pode ser alto, tanto pela redução da produtividade quanto pelo aumento do uso de herbicidas.

Rene Pereira, coordenador de Produção do Grupo Pedra, menciona que a tecnologia da Taranis também oferece benefícios financeiros concretos: “Cada real investido na plataforma de IA pode gerar uma economia de R$ 2,50, pois permite que ajustemos a vazão de pulverizadores e a dose de herbicida, agindo de forma estratégica”. Além disso, o histórico gerado pelo sistema facilita o planejamento de longo prazo, prevenindo infestações futuras.

Os benefícios do uso de IA no manejo da matocompetição são claros. Germano Souza, Gerente de Tratos Culturais da BP Bunge, afirma que a chegada dessa tecnologia trouxe uma nova perspectiva ao controle de plantas daninhas na cana-de-açúcar. “Antes, era difícil localizar com precisão as áreas infestadas e determinar quais espécies invasoras estavam presentes. Com a IA, esse processo se tornou muito mais eficaz”.

Fábio Franco, gerente geral da Taranis, complementa que o futuro do setor passa por uma representatividade amostral robusta, capaz de fornecer dados detalhados em menos tempo. “Nossa tecnologia já identifica mais de 70 espécies de plantas daninhas, e isso é só o começo. A precisão e velocidade na coleta de dados são fundamentais para que os produtores possam tomar decisões rápidas e embasadas”, afirma.