A agricultura regenerativa tem ganhado destaque no Cerrado brasileiro, impulsionada por iniciativas como o projeto Regenera Cerrado, que reúne produtores rurais, pesquisadores e estudantes em busca de práticas mais sustentáveis e eficientes. O Diretor Geral do IF Goiano – Campus Rio Verde, Fabiano Guimarães Silva, destacou os principais impactos dessa abordagem, que vai além da preservação ambiental, contribuindo significativamente para a redução de custos e o aumento da produtividade agrícola.

Fabiano explica que a agricultura regenerativa se baseia em um conjunto de práticas que visam minimizar o uso de insumos químicos, substituindo-os por alternativas biológicas e mais naturais. "Um dos principais pilares é o cuidado com o solo, que é o berço onde realizamos a produção de alimentos. A saúde do solo, com sua diversidade de micro-organismos e nutrientes, é fundamental para a vitalidade das culturas", afirmou. Ele destacou que técnicas como compostagem e uso de adubos orgânicos têm se mostrado eficazes em áreas do Cerrado, aumentando a resistência das plantas e diminuindo a necessidade de fertilizantes químicos.

Um exemplo prático mencionado por Fabiano foi o trabalho realizado por produtores como Rogério Vian, cujas propriedades estão próximas ao Parque Nacional das Emas. Restrições legais sobre o uso de defensivos químicos forçaram esses produtores a buscar soluções alternativas. "Esses produtores começaram a substituir inseticidas e fungicidas por produtos biológicos e adubos químicos por compostos orgânicos, o que além de ser mais sustentável, mostrou-se economicamente viável, com a redução dos custos de produção", destacou Fabiano.

A pesquisa e a experimentação foram fundamentais para consolidar essas práticas. A união entre produtores, instituições de ensino e empresas privadas resultou na criação do Regenera Cerrado, um projeto que busca validar as técnicas de agricultura regenerativa em propriedades do sudoeste goiano. "Selecionamos doze propriedades para realizar experimentos e validar as técnicas em campo. Esse é um processo contínuo, que exige adaptação e estudo constante", explicou.

Além dos benefícios ambientais, a agricultura regenerativa tem mostrado vantagens econômicas. A redução no uso de fertilizantes químicos e defensivos representa uma economia significativa para os produtores. "Os produtos químicos utilizados na agricultura estão diretamente ligados ao câmbio e às oscilações do mercado internacional. Ao produzir seus próprios insumos biológicos, os agricultores garantem maior estabilidade e previsibilidade nos custos de produção", apontou Fabiano.

O projeto Regenera Cerrado também destaca a importância da polinização para a produtividade das lavouras. Fabiano ressaltou que a presença de polinizadores, como as abelhas, pode aumentar significativamente a produtividade da soja, por exemplo. "Durante muito tempo, acreditava-se que a soja não precisava de polinizadores, mas estudos recentes mostraram que a presença de abelhas pode aumentar a produção em alguns sacos por hectare", finalizou.

O impacto da agricultura regenerativa no Cerrado vai além da preservação ambiental, transformando a forma como a produção agrícola é conduzida. Com apoio de instituições como o IF Goiano, Embrapa e universidades, os produtores têm acesso a tecnologias e práticas que aumentam a eficiência produtiva e reduzem os custos, ao mesmo tempo em que preservam os recursos naturais.