O uso de fertilizantes fosfatados revestidos com polímero tem mostrado resultados promissores na melhoria da eficiência do fósforo no cultivo da cana-de-açúcar, especialmente em solos arenosos. Esse tipo de tecnologia permite uma maior fixação do nutriente no solo, impactando diretamente o desenvolvimento inicial das plantas e reduzindo a necessidade de reaplicações frequentes.

De acordo com estudos realizados no oeste paulista, a adoção de fertilizantes com revestimento de polímero, como o Policote, aplicados diretamente no sulco do plantio, aumentou a disponibilidade imediata de fósforo e contribuiu para a manutenção de suas reservas no solo. Essa solução tecnológica tem se mostrado eficaz em mitigar perdas por lixiviação, um problema comum em solos brasileiros, que são naturalmente pobres em nutrientes.

Redução de custos e impactos ambientais

A aplicação de fertilizantes revestidos representa um avanço importante para a sustentabilidade da produção agrícola, ao mesmo tempo que reduz custos operacionais. Ao diminuir a necessidade de reaplicação de fósforo, os produtores conseguem economizar em insumos e operações de campo. Além disso, essa tecnologia também mitiga os impactos ambientais causados pela lixiviação e pela fixação excessiva do nutriente, fenômenos que, em condições normais, podem comprometer a fertilidade do solo e a eficiência das culturas.

O Brasil, maior produtor mundial de cana-de-açúcar, possui aproximadamente 8,2 milhões de hectares cultivados com essa cultura. Somente na safra 2022/2023, foram produzidas cerca de 625 milhões de toneladas de cana. A cana-de-açúcar abastece o mercado de açúcar, gera energia limpa e renovável, além de subprodutos como ração animal. Diante desse cenário, o uso eficiente de fertilizantes é fundamental para garantir a sustentabilidade do setor.

Juliana Bonfim Cassimiro aprovada para receber o título de Doutora em Agronomia - Foto: Homéro Ferreira

Resultados comprovados em campo

A pesquisa que analisou o uso de fertilizantes fosfatados revestidos com polímero foi conduzida pela engenheira agrônoma Juliana Bonfim Cassimiro, em uma área comercial de solo argiloso em Monte Castelo, no oeste paulista. Os experimentos foram realizados em duas safras consecutivas, 2021/2022 e 2022/2023, em um período marcado por estresse hídrico e baixa produtividade.

O estudo revelou que, além de aumentar a eficiência do fósforo, a aplicação da tecnologia com polímero também contribuiu para um desenvolvimento mais vigoroso das plantas nas fases iniciais do cultivo, o que, por sua vez, impacta positivamente a produtividade final da cana-de-açúcar.

A pesquisa de Cassimiro, realizada em parceria com instituições de renome, como a Unoeste e a Unesp, foi aprovada como tese de doutorado em Agronomia. Os resultados obtidos evidenciam o potencial dessa tecnologia para transformar a gestão do fósforo na agricultura brasileira, especialmente em solos arenosos, onde a lixiviação é um desafio constante.

Juliana durante a arguição, estando presencialmente os doutores Fernando, Titiran, Alexandrius e Marcelo - Foto: Homéro Ferreira

Parcerias para inovação

A inovação no manejo de fertilizantes fosfatados com revestimento de polímero é fruto de colaborações interinstitucionais. O estudo de Juliana Bonfim Cassimiro foi orientado pelo professor Dr. Sérgio Carlos Tiritan, da Unoeste, e coorientado pelo professor Dr. Reges Heinrichs, da Unesp em Dracena. A pesquisa contou ainda com o apoio de outros avaliadores, que destacaram a relevância do trabalho para o avanço do setor sucroenergético no Brasil.

O uso eficiente de fósforo é um tema de grande importância para a sustentabilidade do agronegócio, e estudos como o de Juliana Cassimiro ajudam a criar novas práticas que podem ser aplicadas em escala comercial, melhorando a produtividade e preservando o meio ambiente.