Greening afeta 44% do cinturão citrícola paulista e mineiro
A incidência de greening no cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro alcançou 44% em 2024, afetando mais de 90 milhões de árvores.
A citricultura no estado de São Paulo e na região do Triângulo/Sudoeste Mineiro enfrenta uma nova alta na incidência de greening (HLB). De acordo com o mais recente levantamento do Fundecitrus, a doença atingiu 44,35% das laranjeiras, um aumento em relação aos 38,06% registrados em 2023. Esse avanço reflete o maior registro populacional do inseto transmissor da doença, o psilídeo, durante 2023, resultando em mais de 90 milhões de árvores afetadas no cinturão citrícola.
Apesar do crescimento, a taxa de avanço foi menor que a registrada entre 2022 e 2023, quando o aumento foi de 13,66 pontos percentuais. "Estamos vendo uma desaceleração no ritmo de evolução da doença, mas isso não significa que a ameaça foi contida. O controle do psilídeo e a eliminação de plantas infectadas continuam essenciais", explica Juliano Ayres, gerente-geral do Fundecitrus.
Fatores de Influência
Entre as possíveis razões para a menor evolução da doença, o clima desempenhou um papel importante. O aumento das temperaturas durante o segundo semestre de 2023, especialmente nas regiões Norte e Noroeste do cinturão citrícola, criou condições menos favoráveis para a disseminação do greening. "Ondas de calor acima dos 35°C podem ter prejudicado a proliferação da bactéria nos brotos das plantas, reduzindo a capacidade de transmissão pelo psilídeo", aponta Renato Bassanezi, pesquisador do Fundecitrus.
Adicionalmente, práticas mais eficazes de manejo têm contribuído para mitigar a propagação da doença. Os citricultores estão adotando novos produtos inseticidas, rotacionando substâncias para evitar resistência e reduzindo o intervalo entre aplicações. O rigor na eliminação de plantas doentes também tem sido mantido, especialmente nas áreas com menor incidência da doença.
Regiões mais Atingidas
O levantamento detalha que cinco das doze regiões do cinturão citrícola apresentam incidência acima de 60%, destacando-se Limeira (79,38%), Brotas (77,06%), e Porto Ferreira (71,77%) como as áreas mais afetadas. Em contrapartida, Votuporanga (3,14%) e o Triângulo Mineiro (0,11%) continuam com as menores taxas de incidência, embora Votuporanga tenha registrado um aumento significativo em relação ao ano anterior.
Curiosamente, a região do Triângulo Mineiro conseguiu reduzir a presença da doença em 68,6% em relação a 2023, demonstrando a eficácia das medidas de controle ali aplicadas. No entanto, o Fundecitrus reforça que, mesmo em áreas com baixa incidência, o manejo contínuo e rigoroso é necessário para evitar a disseminação da doença para outras regiões.
Medidas de Controle Devem Continuar
A principal orientação do Fundecitrus aos produtores é que o manejo do greening deve ser ajustado de acordo com a realidade local. Em áreas de alta incidência, como Limeira e Brotas, é necessário intensificar as medidas de controle do psilídeo com aplicações regulares de inseticidas e eliminação de plantas infectadas. Já em áreas com menor incidência, o foco deve estar na manutenção das boas práticas, como a remoção de plantas doentes e a redução das fontes externas de inóculo.
"Os citricultores precisam estar atentos à sanidade de seus pomares, eliminando as plantas infectadas e mantendo um controle eficaz do psilídeo. Esse esforço conjunto é fundamental para evitar que a doença se alastre ainda mais", reforça Bassanezi.
O cenário exige vigilância constante por parte dos produtores, especialmente nas áreas mais vulneráveis, onde a proximidade de pomares vizinhos ou áreas urbanas pode aumentar o risco de recontaminação. A parceria com o Fundecitrus para eliminar plantas doentes em um raio de até 5 km das propriedades também é crucial para reduzir a pressão da doença.
A batalha contra o greening é contínua, e o esforço conjunto entre produtores e pesquisadores será determinante para frear o avanço da doença e garantir a saúde do parque citrícola brasileiro.
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