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,18/10/2024

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Guia detalha aplicação da ressonância no estudo de plantas

Pesquisadores criam protocolo para usar ressonância magnética no estudo do metabolismo de plantas, promovendo avanços na metabolômica vegetal.


Guia detalha aplicação da ressonância no estudo de plantas

Um novo protocolo elaborado por pesquisadores de instituições paulistas está aprimorando a maneira como se estuda o metabolismo das plantas, utilizando a ressonância magnética nuclear (RMN) como ferramenta principal. O guia, desenvolvido por equipes da Embrapa Instrumentação, FMVZ-USP e outras instituições, visa padronizar os procedimentos para o uso da RMN na análise metabolômica vegetal, uma técnica que possibilita a investigação detalhada das alterações metabólicas das plantas frente a diferentes condições ambientais.

A metabolômica é o campo da ciência que examina o perfil metabólico dos organismos, analisando as variações nas moléculas que resultam dos processos biológicos. Nas plantas, o metabolismo é responsável pelo crescimento, desenvolvimento e adaptação a estresses como mudanças climáticas, seca ou inundações. O novo protocolo oferece um passo a passo para que pesquisadores possam utilizar a RMN de forma eficaz, obtendo dados precisos sobre esses processos.

Aplicações da RMN no estudo de plantas

A ressonância magnética é amplamente conhecida por suas aplicações em diagnósticos médicos, mas seu uso no campo da pesquisa vegetal tem ganhado destaque devido à sua capacidade de lidar com amostras complexas sem a necessidade de destruir o material analisado. No caso da metabolômica vegetal, a técnica permite identificar e quantificar simultaneamente os metabólitos presentes nas amostras, moléculas que desempenham papel crucial no metabolismo das plantas.

Fernanda Ocampos, pesquisadora de pós-doutorado na FMVZ-USP e uma das responsáveis pelo desenvolvimento do guia, destaca as vantagens da RMN para a análise de produtos naturais e plantas. “Nosso objetivo é proporcionar um caminho claro para quem deseja utilizar a ressonância magnética em estudos de metabolômica, explicando as práticas mais eficientes para a obtenção de resultados confiáveis”, comenta a pesquisadora.

Estrutura do protocolo

O protocolo, detalhado em artigo publicado na revista Frontiers, abrange todas as etapas necessárias para a aplicação da RMN na metabolômica vegetal. Ele discute desde o desenho experimental, a coleta e preparação das amostras até a análise de dados. Além disso, aborda a criação de bancos de dados que permitam uma identificação precisa dos metabólitos e o uso de ferramentas quimiométricas para extrair informações relevantes das amostras.

Segundo Luiz Alberto Colnago, pesquisador da Embrapa Instrumentação, a metabolômica permite investigar um grande número de metabólitos em uma única análise, algo que não é possível com métodos convencionais. "A RMN se destaca por sua capacidade de avaliar amostras heterogêneas, fornecendo uma visão abrangente do metabolismo da planta em resposta a diferentes condições ambientais", explica Colnago.

Impacto na segurança alimentar e agricultura

O estudo do metabolismo vegetal tem implicações diretas na produção agrícola, especialmente diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas. Alterações no metabolismo das plantas podem afetar a produtividade e, consequentemente, a segurança alimentar. A utilização da metabolômica permite identificar como essas mudanças ocorrem e pode fornecer pistas sobre como melhorar a resistência das plantas a estresses ambientais.

Um exemplo recente da aplicação dessa técnica foi a análise do metabolismo da planta medicinal pata-de-vaca, realizada pela Embrapa Instrumentação. O estudo revelou que o estresse hídrico prejudicou a produção dos compostos medicinais após 90 dias de irrigação escassa, demonstrando o impacto direto das condições ambientais no metabolismo vegetal.

Perspectivas futuras

O crescente interesse pela metabolômica à base de RMN reflete-se no aumento das publicações científicas sobre o tema. Em 2023, o número de estudos sobre essa técnica alcançou 610 publicações, demonstrando a relevância da área para a pesquisa científica e para a agricultura. A expectativa é que o uso da RMN continue a expandir, abrindo novas possibilidades para o estudo do metabolismo vegetal e contribuindo para o desenvolvimento de plantas mais resilientes.

O protocolo desenvolvido pelos pesquisadores brasileiros representa um marco importante para a metabolômica vegetal, oferecendo um recurso valioso para a comunidade científica que trabalha na interface entre biologia e tecnologia. A pesquisa, apoiada pela Fapesp e CNPq, promete impulsionar novas descobertas no campo da agricultura sustentável, essencial para enfrentar os desafios globais de produção de alimentos em um mundo em constante mudança.






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