O cenário do crédito rural no Brasil para a safra 2024/25
No primeiro trimestre, o desembolso de crédito rural caiu 31% em relação ao mesmo período do ano anterior, de R$ 163,8 bilhões para R$ 112,5 bilhões.
Por: Luciano Alegre
O cenário do crédito rural no Brasil para a safra 2024/25 reflete uma mudança significativa nas estratégias de financiamento e uma resposta às atuais condições econômicas e climáticas. De acordo com a equipe do Valor Econômico, no primeiro trimestre, o desembolso de crédito rural caiu 31% em relação ao mesmo período do ano anterior, de R$ 163,8 bilhões para R$ 112,5 bilhões. Uma das razões por trás dessa redução é a migração dos produtores, especialmente grandes, para outras formas de financiamento, como as Cédulas de Produto Rural (CPRs) em operações privadas, que oferecem flexibilidade e melhor adaptação ao contexto atual de margens reduzidas e desafios climáticos. Esse movimento também reflete um aumento nas taxas de juros do Plano Safra, levando os produtores a explorar alternativas no mercado privado.
Por outro lado, parte das instituições financeiras tem adotado uma postura mais cautelosa na concessão de crédito rural. A maior aversão ao risco, decorrente de margens apertadas no setor agropecuário, oscilações nos preços das commodities e incertezas climáticas, tem levado bancos a serem mais seletivos. Executivos de grandes bancos relataram que, embora estejam cumprindo com a exigência de alocar recursos obrigatórios, a expansão da carteira de crédito para o agronegócio está contida, priorizando clientes consolidados e operações menos arriscadas. Essa postura está alinhada com o receio de enfrentar um aumento nos pedidos de recuperação judicial e inadimplência, o que tem pressionado a rentabilidade e limitando o crescimento da carteira.
Esse cenário indica uma transformação no perfil de crédito rural, onde a diversificação das fontes de financiamento e uma gestão cautelosa dos recursos se tornam cada vez mais essenciais. O uso de CPRs tem se mostrado uma alternativa robusta e menos dependente das políticas de juros equalizados, permitindo ao governo repensar o direcionamento dos recursos públicos para iniciativas de seguro rural. Assim, o contexto atual destaca a importância de uma política de crédito rural adaptável, que privilegie sustentabilidade financeira e uma alocação de recursos adequada, especialmente para pequenos e médios produtores, enquanto os grandes produtores conseguem acesso a alternativas de mercado.
No Rio Grande do Sul, os produtores rurais impactados pelas chuvas estão com grandes dificuldades de acesso a crédito, principalmente pela não existência ou escassez de recursos com juros controlados. Há ainda uma onda de execuções de dívidas por parte dos demais credores.
Em resumo, o crédito rural enfrenta um ano de ajustes. Com a demanda por crédito sendo atenuada pela seletividade dos bancos e a busca por novas modalidades, a estrutura do financiamento agrícola no Brasil parece estar evoluindo para atender a um setor em constante transformação, pressionado por desafios econômicos e pela necessidade de resiliência nas práticas de gestão.
Como fica está o planejamento da safrinha 2025 e a safra 25/26? Alguns ainda nem começaram a semear a safra de soja de 2024 e já estamos falando do próximo ano? Sim meus amigos, o planejamento dessa safra já tem que ter acontecido, precisamos olhar para frente e executar o planejado.
Como está seu planejamento?
Pense nisso e até o nosso próximo momento AgroFinanceiro. Quem quiser, nos acompanhar nas redes sociais, é só seguir o @olucianoalegre no Instagram.
Até mais...
*Luciano dos Santos Alegre, Engenheiro Agrônomo e especialista em finanças, consultor para empresas rurais em todo o Brasil com mais de 10 anos de experiência no agronegócio.
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