O preço do leite ao produtor continuou sua trajetória de alta em setembro, alcançando R$ 2,8657 por litro, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. A valorização representa um aumento de 3,3% em relação ao mês anterior e um crescimento de 33,8% em comparação com setembro de 2023, em termos reais. Apesar desse avanço no acumulado de 2024, a média de preços do ano, de R$ 2,58 por litro, ainda é 4,7% inferior ao registrado no mesmo período de 2023.

Esse movimento de valorização se explica principalmente pela maior competição entre laticínios e cooperativas na aquisição de leite cru. A necessidade de recompor estoques ocorre em um contexto de oferta limitada, influenciada por um período prolongado de clima seco, especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Com o cenário de baixa disponibilidade de matéria-prima, as indústrias se viram obrigadas a ofertar valores mais elevados para garantir o volume necessário.

Para manter o abastecimento, a captação de leite em setembro avançou 8,3% em relação a agosto, segundo o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea. O aumento foi facilitado pela elevação dos preços pagos ao produtor, refletindo a valorização de produtos lácteos no mercado. Dados coletados pelo Cepea, em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), indicam que o leite UHT, queijo muçarela e leite em pó registraram aumento de 7,6%, 2,7% e 1,3%, respectivamente, no atacado de São Paulo.

No entanto, o ciclo de alta nos preços pode estar próximo do fim. A partir da segunda quinzena de outubro, observou-se um aumento na captação e uma redução nas cotações dos derivados e do leite spot. Esse cenário aumenta a expectativa de que os preços pagos ao produtor em outubro possam apresentar um leve recuo.