Exposição ao amianto e os impactos na saúde ocupacional
Mesmo banido no Brasil, o amianto continua presente em construções e materiais antigos, representando sérios riscos à saúde pública.
Apesar de proibido no Brasil desde 2017, o amianto segue ameaçando a saúde pública devido à sua presença em estruturas antigas e produtos importados ilegalmente. O Dr. Vinícius de Borba Marthental, cirurgião oncológico dos hospitais Edmundo Vasconcelos e AC Camargo de São Paulo, alerta para os perigos associados à exposição a essa substância, destacando que mesmo níveis mínimos de contato podem levar ao desenvolvimento de doenças graves, como câncer de pulmão e mesotelioma pleural maligno.
Presença do amianto no cotidiano
O amianto, amplamente utilizado na construção civil e em indústrias até os anos 1980, ainda é encontrado em telhas, caixas d’água e outros materiais presentes em construções antigas. Segundo o Dr. Marthental, as fibras de amianto podem ser liberadas no ar durante a manipulação ou reforma desses materiais, sendo inaladas e depositadas nos pulmões. "A inalação dessas partículas, mesmo em pequena quantidade, é suficiente para causar danos à saúde, muitas vezes de forma irreversível", afirma.
Riscos no meio rural e urbano
Na zona rural a utilização de caixas d’água e telhas de amianto foi comum no passado e muitos desses materiais permanecem em uso. Já nos centros urbanos, a reforma de prédios antigos é outro ponto de atenção, exigindo o manejo especializado para evitar a dispersão de fibras no ambiente.
O Brasil, que foi um dos maiores produtores mundiais de amianto, ainda enfrenta desafios para mitigar os impactos dessa herança. "A conscientização sobre os riscos e o manejo adequado desses materiais são fundamentais para proteger a população", reforça o médico.
Doenças causadas pelo amianto
A exposição ao amianto está diretamente relacionada a doenças como a asbestose – uma condição que causa fibrose pulmonar –, câncer de pulmão e mesotelioma pleural maligno, um tipo raro e agressivo de câncer. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 100 mil pessoas morrem anualmente em decorrência de doenças associadas ao amianto, enquanto milhões continuam expostas globalmente.
O Dr. Marthental destaca que os sintomas dessas doenças podem demorar décadas para se manifestar, dificultando o diagnóstico precoce. "Esse longo período de latência é um desafio tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde, que precisam estar atentos ao histórico de exposição", explica.
Prevenção e cuidados
Embora não haja níveis seguros de exposição ao amianto, algumas medidas podem ser adotadas para minimizar os riscos. Trabalhadores e indivíduos que suspeitam ter tido contato com o material devem realizar exames de imagem, como raio-X e tomografia, e testes de função pulmonar, como a espirometria.
Além disso, o médico alerta para os efeitos agravantes do tabagismo em pessoas expostas ao amianto. "A combinação de tabaco e amianto aumenta significativamente o risco de desenvolvimento de doenças graves. Abandonar o tabagismo é essencial nesse contexto", ressalta.
Um problema ainda presente
Apesar dos avanços na regulamentação, o amianto permanece como uma questão de saúde pública. A conscientização sobre os perigos e a capacitação para o manejo seguro dos materiais contaminados são passos essenciais para reduzir os impactos dessa substância.
"A informação e a prevenção são nossas maiores aliadas para combater os efeitos do amianto", conclui o Dr. Marthental. Ele reforça a importância de buscar orientação médica em caso de suspeita de exposição e de adotar medidas preventivas em qualquer situação que envolva o material.
O amianto, mesmo banido, ainda deixa uma marca profunda na saúde ocupacional e pública, exigindo vigilância constante para evitar novas vítimas.
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