O mercado de etanol de milho no Brasil está prestes a passar por uma transformação significativa. De acordo com análise do Itaú BBA, o desenvolvimento de 22 novos projetos, incluindo a instalação de novas plantas e a ampliação de unidades existentes, demandará aproximadamente R$ 20 bilhões em investimentos e R$ 9 bilhões adicionais em capital de giro.

A demanda crescente pelo grão, que será essencial para essas novas operações, está concentrada principalmente na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Para atender às necessidades do setor, serão necessárias 14 milhões de toneladas adicionais de milho anualmente. Essa expansão representa um desafio para a oferta local, exigindo planejamento estratégico e aumento da produção agrícola.

Guilherme Novaes, gerente de crédito de agronegócios do Itaú BBA, destaca que o avanço do etanol de milho representa um passo importante para o Brasil no cenário global de biocombustíveis. Ele também observa o potencial de desenvolvimento econômico para as regiões envolvidas, ao impulsionar a produção agrícola e a geração de empregos.

A entrada em operação dessas novas plantas promete elevar a capacidade de produção de etanol em mais de 6 bilhões de litros por ano. No entanto, o mercado interno poderá absorver esse volume adicional apenas a partir de 2028, de acordo com a Consultoria Agro do Itaú BBA. Lucas Brunetti, analista do banco, aponta que o aumento do uso de etanol hidratado nos estados do Norte e Nordeste pode ser uma saída para equilibrar a oferta e a demanda.

O crescimento da produção de etanol de milho reflete uma mudança de perfil do setor. Na safra 2018/19, o milho respondia por apenas 2% da produção total de etanol. Hoje, sua participação já atinge 19% e pode ultrapassar 22% nos próximos dois anos, caso os novos projetos se concretizem.

A região do Matopiba desempenha um papel estratégico nesse cenário, com um potencial de crescimento agrícola que favorece a expansão do mercado. No entanto, o relatório alerta para o impacto que essa demanda adicional pode causar na oferta de milho em algumas áreas, reforçando a necessidade de planejamento integrado entre produtores e investidores.

Com investimentos bilionários e forte demanda agrícola, o Brasil se posiciona como uma referência no setor de biocombustíveis, ao mesmo tempo em que impulsiona o desenvolvimento regional.