Consórcio de culturas agrícolas melhora produtividade e saúde do solo
Consórcios agrícolas ampliam sustentabilidade, melhoram o solo e garantem produtividade em cenários de clima desafiador.
A prática do consórcio de culturas agrícolas tem ganhado espaço no Brasil, destacando-se como uma estratégia eficiente para aliar produtividade e sustentabilidade. Em regiões como Mato Grosso, produtores têm apostado na integração de culturas para melhorar a saúde do solo, otimizar o uso de recursos naturais e reduzir custos operacionais.
Em uma fazenda de 2.500 hectares localizada em Jaciara, o uso combinado de grãos e pastagens, como braquiária, trouxe resultados expressivos. A estratégia se baseia na formação de uma cobertura protetora no solo, conhecida como palhada, que regula a temperatura e conserva a umidade. “A palhada cria uma barreira térmica e protege o solo da evaporação excessiva, mantendo condições favoráveis para as plantas”, explica Bruno Eduardo Cavamura, engenheiro agrônomo da Sell Agro.
Benefícios ao solo
A braquiária, usada frequentemente nesse sistema, possui raízes que alcançam até dois metros de profundidade. Essa característica favorece a retenção de água e nutrientes, além de contribuir para a formação de matéria orgânica. Quando essas raízes se decompõem, criam canais naturais que facilitam a infiltração de água e evitam a erosão superficial.
“O solo passa a ter uma estrutura mais resiliente, capaz de suportar períodos de seca e minimizar o escoamento da água das chuvas”, comenta Cavamura. Além disso, essa integração é uma ferramenta valiosa no combate à degradação do solo, um problema comum em áreas de cultivo intensivo.
A efetividade da técnica foi confirmada por estudos da Embrapa. De acordo com a pesquisa, a integração de lavoura e pecuária em sistemas de consórcio reduz em até 40% a emissão de gases de efeito estufa quando comparada a sistemas exclusivamente agrícolas ou pecuários. Além disso, a adição de gramíneas ao solo promove um sequestro significativo de carbono, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.
“O uso do consórcio promove melhorias substanciais na saúde do solo, enquanto mitiga impactos ambientais, uma abordagem essencial para a sustentabilidade do agronegócio brasileiro”, aponta o estudo publicado pela Embrapa.
Redução de insumos químicos
Outro ponto de destaque do consórcio é a menor necessidade de defensivos agrícolas. A rotação de culturas dificulta a propagação de pragas e ervas daninhas, reduzindo a pressão sobre o uso de pesticidas. “A diversidade biológica no campo torna o ambiente menos propício para infestações, o que representa economia para o produtor e menos impacto ambiental”, reforça o engenheiro agrônomo.
A adoção de tecnologias modernas também contribui para a eficiência na aplicação de defensivos. A propriedade em Jaciara, por exemplo, utiliza adjuvantes agrícolas que otimizam a aplicação e reduzem o volume necessário de produtos químicos. Segundo Alexandre Gazoni, diretor comercial da Sell Agro, essa inovação reduziu o consumo de insumos de 120 para 30 litros por hectare, com impactos diretos na economia e na sustentabilidade do manejo.
Integração com a pecuária
A integração lavoura-pecuária é outro componente que tem fortalecido a viabilidade do consórcio. Em muitas propriedades, o gado é solto para pastejar os restos de culturas, como milho, aproveitando ao máximo os recursos disponíveis. Essa prática não apenas gera economia na alimentação animal, mas também contribui para a fertilização natural do solo.
“A presença dos animais na área ajuda a incorporar os resíduos das plantas ao solo, enriquecendo-o com nutrientes”, observa Cavamura. A estratégia permite que os produtores mantenham o solo fértil e obtenham retorno financeiro em diferentes frentes, consolidando a integração como uma alternativa viável para quem busca eficiência no campo.
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