A integração de polinização assistida às grandes culturas agrícolas tem ganhado espaço no Brasil, impulsionando a produtividade e trazendo benefícios financeiros para os produtores. Guilherme Sousa, CEO da AgroBee, destacou como essa prática inovadora está transformando o setor, em especial com o apoio de instituições financeiras como o Banco do Brasil.

Segundo Sousa, a AgroBee surgiu com o objetivo de levar resultados científicos da academia para o campo. Estudos indicam que a introdução de polinizadores em culturas como soja, café e laranja pode elevar os índices de produtividade em até 18%, além de melhorar a qualidade dos grãos e frutos. Apesar disso, a prática ainda é pouco explorada no país.

Ganhos de produtividade e qualidade

Embora muitas plantas cultivadas no Brasil possuam capacidade de autopolinização, como a soja, a inserção de polinizadores traz benefícios significativos. Na soja, por exemplo, flores polinizadas por abelhas geram vagens com maior número de grãos, o que resulta em ganhos de até 12% na produtividade. No caso do café, os números chegam a 16%, além de proporcionar uma maturação mais uniforme, que melhora a qualidade da bebida.

A polinização assistida também contribui para a diversificação genética das culturas, um fator relevante para a longevidade e saúde das plantas. Segundo pesquisas, esse método eleva a resistência das lavouras, diminui perdas e agrega valor aos produtos finais.

Parceria com o Banco do Brasil

A AgroBee consolidou recentemente uma parceria com o Banco do Brasil para incentivar a adoção da polinização assistida. A iniciativa prevê benefícios aos produtores que optarem pela técnica ao solicitar crédito de custeio agrícola. Entre as vantagens, estão tarifas reduzidas, análise prioritária das propostas e, em alguns casos, recursos suplementares.

Guilherme Sousa explicou que a proposta foi apresentada à diretoria de agronegócio do Banco do Brasil, que reconheceu o potencial produtivo e sustentável da prática. Além dos ganhos ambientais e econômicos, a parceria fortalece a cadeia da apicultura, oferecendo remuneração direta aos apicultores envolvidos nos serviços.

Sustentabilidade no campo

Um dos principais desafios dessa integração é harmonizar o uso de defensivos agrícolas com a presença de polinizadores. Para isso, a AgroBee desenvolve planos específicos de polinização para cada propriedade, respeitando os períodos de aplicação de defensivos e garantindo a segurança das abelhas. A empresa utiliza tecnologias digitais para monitorar as colmeias e assegurar que o processo ocorra de forma eficiente.

Essa abordagem, além de beneficiar os produtores, contribui para a preservação das abelhas, essenciais para o equilíbrio ambiental e para a continuidade da produção agrícola em larga escala.

Certificação e mercado consumidor

A AgroBee também desenvolveu o selo “Produto Polinizado AgroBee”, uma certificação que agrega valor aos produtos no mercado. A iniciativa é inspirada em práticas adotadas na Europa, onde frutas com selos de polinização são altamente valorizadas pelos consumidores. No Brasil, o selo já foi incorporado por produtores de cafés especiais, que observaram aumentos no preço de venda e reconhecimento pela qualidade.

Resultados promissores

Com estudos comprovando os ganhos da polinização assistida, a prática está se consolidando como uma ferramenta estratégica para o agronegócio. A parceria com o Banco do Brasil amplia o acesso dos produtores a recursos financeiros e incentiva a sustentabilidade no campo.

Para produtores de soja, café, laranja e outras culturas, adotar a polinização assistida significa mais do que ganhos econômicos. Representa um compromisso com a inovação e a sustentabilidade, fundamentais para o futuro do setor agrícola.