Transformação do agro: do passado importador ao protagonismo mundial
De importador de alimentos na década de 70 a potência mundial, o agronegócio brasileiro registra recordes de exportação em 2024, impulsionado por inovação, novos mercados e a competência dos produtores rurais.
Nas últimas décadas, o Brasil passou por uma transformação radical em sua agricultura, deixando de ser um importador de alimentos na década de 1970 para se consolidar como uma potência mundial no agronegócio. Este avanço foi impulsionado por políticas públicas consistentes, pela atuação estratégica de instituições como a Embrapa e, sobretudo, pelo trabalho incansável dos produtores rurais brasileiros, reconhecidos por sua competência e capacidade de adotar inovações tecnológicas. O agronegócio, que hoje é responsável por quase metade das exportações do país, é um exemplo de resiliência e visão estratégica, posicionando o Brasil como líder no mercado global de alimentos e bioenergia.
Desempenho econômico e exportações recordes
Em 2023, o setor agropecuário registrou US$ 166,49 bilhões em exportações, um incremento de 4,8% em relação ao ano anterior, apesar da queda nos preços de commodities como soja (-26%), milho (-26%) e carne bovina (-24%). Entre os destaques estão o açúcar bruto, que atingiu um recorde de US$ 13,92 bilhões (+89%), e o café, cujas exportações cresceram 21%, movimentando US$ 7,65 bilhões. No acumulado de 2024 até outubro, o setor já exportou US$ 140,02 bilhões, reafirmando sua importância estratégica para a economia nacional.
Estados como Mato Grosso e Tocantins apresentaram desempenhos excepcionais, com PIBs crescendo 10,6% e 11,1%, respectivamente, enquanto o Centro-Oeste viu um aumento de 20,5% nos empregos formais desde 2020. Esses números refletem o impacto positivo do agronegócio na geração de renda e oportunidades em regiões tradicionalmente voltadas à produção agrícola.
Abertura de mercados e novas rotas comerciais
Nos últimos dois anos, o Brasil abriu 281 novos mercados em 61 países, fortalecendo sua posição como fornecedor global de alimentos. A China se manteve como o principal destino das exportações brasileiras, com destaque para a soja, carne bovina e café. Já mercados como a Filipinas e o México, após negociações recentes, mostraram crescimento acelerado na importação de carne suína, enquanto novos destinos como o Egito e a Argélia emergiram como consumidores importantes de carnes bovinas e de aves.
A inauguração do Porto Chancay, no Peru, em novembro de 2024, promete revolucionar a logística do setor, reduzindo em até 30 dias o tempo de transporte para o mercado asiático. Esse corredor estratégico, que inclui o Porto de Tabatinga, representa uma vantagem competitiva significativa para o escoamento da produção brasileira, especialmente em relação a rotas tradicionais via Canal do Panamá.
Competência e inovação no setor privado
Empresas como JBS e BRF têm liderado investimentos e modernizações para atender à crescente demanda global. Em 2024, a JBS habilitou 55 novas plantas frigoríficas e investiu R$ 150 milhões em sua unidade de Campo Grande (MS), dobrando sua capacidade de abate e criando 2,3 mil empregos. Já a Mantiqueira Brasil, maior produtora de ovos da América do Sul, ampliou suas operações e gerou 750 novos postos de trabalho, enquanto outras empresas, como a Granja Faria, destacaram-se pela diversificação geográfica e incremento produtivo.
Sustentabilidade e desafios climáticos
Apesar dos avanços, o setor enfrenta desafios crescentes, como mudanças climáticas que impactaram a safra 2023/2024. A busca por práticas mais sustentáveis, como a produção de baixo carbono e a preservação de recursos naturais, é central para manter a competitividade do Brasil no mercado global. Nesse contexto, tecnologias voltadas à gestão eficiente de recursos e ao aumento da produtividade continuam a ser fundamentais.
O protagonismo do produtor brasileiro
O sucesso do agronegócio brasileiro não seria possível sem os produtores rurais, que combinam competência técnica e capacidade de adaptação às novas tecnologias. Eles desempenham um papel crucial na incorporação de práticas inovadoras, sejam elas ligadas ao manejo sustentável, à modernização de equipamentos ou à integração de cadeias produtivas. Esses esforços, aliados a políticas públicas bem estruturadas, consolidam o Brasil como líder mundial na oferta de alimentos, fibras e bioenergia.
Com uma trajetória marcada por avanços tecnológicos e expansão de mercados, o agronegócio brasileiro segue como motor da economia nacional, reafirmando seu papel estratégico no cenário internacional.
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