Bicudo-da-Cana ameaça produtividade dos canaviais
O bicudo-da-cana pode comprometer até 30 t/ha na produção de cana, exigindo práticas sustentáveis para garantir a produtividade e a longevidade dos canaviais.
O setor sucroenergético brasileiro enfrenta um desafio significativo com a infestação do bicudo-da-cana (Sphenophorus levis), uma das pragas mais devastadoras para a cultura. Estudos indicam que a ação desse inseto pode causar perdas de até 30 toneladas por hectare (t/ha), além de comprometer a saúde do canavial e sua sustentabilidade econômica.
A larva do bicudo-da-cana representa a maior ameaça, ao se alimentar das soqueiras e interromper a absorção de nutrientes e água. Esse processo provoca a morte das raízes e o secamento progressivo das folhas, exigindo atenção redobrada dos agricultores para identificar os primeiros sinais da praga. "As perdas são significativas, afetando tanto a produtividade quanto a longevidade dos canaviais", afirma Mateus Bis, Coordenador Técnico de Mercado da Nitro, empresa especializada em insumos agrícolas.
Soluções Biológicas Ganham Espaço
Diante da gravidade do problema, o uso de bioinseticidas vem se consolidando como uma alternativa viável e sustentável. Substâncias biológicas, como as formuladas à base do fungo Beauveria bassiana, têm demonstrado eficácia no controle direcionado da praga sem afetar negativamente os inimigos naturais do bicudo. Esse tipo de manejo ajuda a preservar o equilíbrio ecológico, favorecendo uma produção mais sustentável.
Ao contrário de produtos químicos, que podem levar ao desenvolvimento de resistência nas pragas, os agentes biológicos mantêm sua eficácia por mais tempo. "Os biológicos têm garantido não apenas a proteção da cultura, mas também a sustentabilidade do sistema produtivo, que é uma demanda crescente dos produtores", acrescenta Bis.
A Importância do Cultivo Sustentável
A cana-de-açúcar é responsável por um recorde de produção estimado em 713,2 milhões de toneladas na safra 2023/2024, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O Brasil é o maior exportador mundial de açúcar e ocupa a vice-liderança na produção de etanol a partir da cana, consolidando-se como um pilar estratégico do agronegócio e da matriz energética nacional.
Nesse cenário, a eficiência no controle de pragas é indispensável para assegurar a competitividade do setor, tanto no mercado interno quanto no comércio internacional. “O manejo biológico é um investimento necessário para proteger os canaviais, garantindo a produtividade e a longevidade sem comprometer o meio ambiente”, reforça o especialista.
A adoção de práticas sustentáveis é essencial para que o Brasil continue liderando o mercado sucroenergético global, enfrentando os desafios impostos por pragas como o bicudo-da-cana e fortalecendo o equilíbrio entre produtividade, competitividade e responsabilidade ambiental.
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