Vazio sanitário da soja pode começar mais cedo no Paraná
Proposta prevê antecipação de 12 dias no início do vazio sanitário na Região 3 do Sudoeste do Paraná, visando maior controle da ferrugem asiática.
A antecipação do vazio sanitário da soja na Região 3 do Sudoeste do Paraná foi tema central do fórum promovido pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), realizado na última quarta-feira (28), no auditório do Sistema-Faep, em Curitiba. A proposta sugere que o período inicie em 10 de junho e termine em 10 de setembro de 2025, 12 dias antes do calendário atual, com objetivo de aprimorar o controle da ferrugem asiática, doença que causa severos danos à produtividade das lavouras.
Segundo o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Natalino Avance de Souza, a medida reforça a necessidade de um manejo mais rigoroso e adaptado às características regionais. “Um Estado importante como o Paraná no setor agrícola e com uma diversidade de clima precisa dessa atenção diferenciada por parte de todos”, destacou durante a abertura do evento.
A Adapar, responsável pela fiscalização do vazio sanitário, enfatiza que a medida é essencial para evitar que plantas vivas de soja sirvam de hospedeiras para o fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem asiática. Essa doença é considerada a principal ameaça às lavouras de soja devido ao impacto na produtividade, custos de controle e capacidade de disseminação.
Defesa agropecuária e pesquisa técnica
O fórum contou com palestras de especialistas como Claudia Godoy, pesquisadora de soja da Embrapa, e Ricardo Hilman, coordenador geral de proteção de plantas do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Os temas abordados incluíram o controle da ferrugem asiática, o uso de fungicidas e ações no âmbito do Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja (PNCFS).
Para Marcílio Martins Araújo, fiscal de defesa agropecuária da Adapar, a antecipação do calendário pode reduzir os focos iniciais da doença e, consequentemente, o número de aplicações de defensivos. “Uma medida preventiva como essa pode impactar positivamente tanto a produtividade quanto os custos para o produtor”, avaliou.
Claudia Godoy reforçou a relevância de práticas conjuntas entre agricultores e órgãos de defesa agropecuária para o sucesso do manejo. “A ferrugem asiática exige estratégias integradas e, sobretudo, o cumprimento rigoroso de medidas como o vazio sanitário”, explicou.
Participação dos produtores
O evento também abriu espaço para a contribuição dos produtores, que participaram presencialmente e de forma online. Foram apresentadas sugestões voltadas ao manejo da safra 2025/26 e discutidos desafios enfrentados no cumprimento do vazio sanitário.
Renato Rezende Young Blood, chefe do Departamento de Sanidade Vegetal da Adapar, reconheceu a importância do envolvimento dos sojicultores no debate. “A colaboração dos produtores é fundamental para que as ações propostas sejam efetivas e contemplem as realidades regionais”, afirmou.
Encaminhamentos
A proposta de alteração no calendário será encaminhada ao Ministério da Agricultura e Pecuária até 31 de janeiro de 2025, responsável pela decisão final sobre a medida. Caso aprovada, a mudança entrará em vigor para a safra 2025/26.
Com uma produção de soja que representa parte significativa do agronegócio paranaense, a antecipação do vazio sanitário no Sudoeste do Estado é vista como um passo estratégico na defesa contra a ferrugem asiática, reforçando o compromisso com a sustentabilidade e a produtividade agrícola na região.
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