Desafios logísticos do agro
Fica cada vez mais claro que somente com investimentos em infraestrutura e logística podemos ser ainda mais competitivos.
Por: Luciano Alegre
Hoje, vamos falar sobre um tema que afeta não só o campo, mas também o dia a dia de quem depende dos alimentos que chegam à mesa: os desafios logísticos enfrentados pelo agronegócio brasileiro diante dos eventos climáticos extremos.
Nosso Brasil, com sua vasta extensão territorial e diversidade climática, vem registrando fenômenos como secas severas, chuvas intensas e inundações cada vez mais frequentes. Esses eventos não só afetam a produção no campo, mas também prejudicam o transporte de insumos e produtos agrícolas. Estradas bloqueadas, rios intransitáveis e portos paralisados são alguns dos problemas que têm pressionado os custos logísticos e trazido desafios para o setor.
No Sul do país, entre abril e maio deste ano, chuvas intensas e enchentes causaram estragos significativos. Mais de 13 mil quilômetros de estradas foram danificados, com quedas de barreiras, rupturas de pontes e erosões. Além disso, terminais portuários ficaram inundados, dificultando as operações de exportação. Estima-se que apenas para recuperar as rodovias afetadas seriam necessários investimentos que podem ultrapassar R$ 27 bilhões.
No Sudeste, secas prolongadas, como as de 2020 e 2021, reduziram drasticamente o calado da hidrovia Tietê-Paraná, essencial para o transporte de soja, milho e outros produtos agrícolas. A falta de água comprometeu a navegação, e mais de 2 milhões de toneladas de grãos tiveram que ser transportadas por rodovias, aumentando o custo do frete e pressionando a logística.
Já no Norte, a seca mais intensa dos últimos anos prejudicou a movimentação nos portos do Amazonas e do Pará. Em 2023, terminais ficaram inoperantes por até 60 dias, e o volume de cargas movimentado caiu até 74% em alguns locais. Isso obrigou os produtores a recorrerem ao transporte rodoviário, aumentando a demanda e os custos em rotas como Sorriso, no Mato Grosso, até o Porto de Santos.
Diante desses desafios, uma coisa é certa: precisamos investir em infraestrutura e planejamento. A manutenção de hidrovias, como o Rio Madeira, é fundamental para reduzir os custos logísticos e garantir a competitividade do agronegócio. Também é essencial integrar a agenda climática às políticas de transporte, avaliando os riscos de eventos extremos e buscando soluções para mitigar seus impactos.
Esses investimentos são urgentes, pois quando o transporte é interrompido, toda a cadeia produtiva é afetada: os custos sobem, o produtor perde competitividade e, no final, quem paga a conta somos todos nós, consumidores.
Portanto, a mensagem que fica é a seguinte: precisamos olhar para o futuro com planejamento e ações concretas. Só assim o Brasil poderá continuar sendo um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, superando os desafios climáticos com inovação e resiliência.
Como a logística pode afetar seu negócio e sua vida? Precisamos estar preparados para momentos difíceis.
Grande abraço e até a próxima!
Pense nisso e até o nosso próximo momento AgroFinanceiro. Quem quiser, nos acompanhar nas redes sociais, é só seguir o @olucianoalegre no Instagram.
Até mais...
*Luciano dos Santos Alegre, Engenheiro Agrônomo e especialista em finanças, consultor para empresas rurais em todo o Brasil com mais de 10 anos de experiência no agronegócio.
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