Os preços do açúcar no mercado internacional alcançaram patamares extraordinários em 2024, com a tonelada do produto bruto cotada a USD 22/lb, valor 30% acima da média dos últimos 12 anos. A restrição na oferta global, aliada ao desempenho recorde de produtores como Brasil e Índia, reforça a importância estratégica do setor, apontou um relatório da Consultoria Agro do Itaú BBA.

Enquanto grandes exportadores como Tailândia, União Europeia, México e Austrália registraram quedas acentuadas na produção, Brasil e Índia mantiveram a produção próxima às máximas históricas. No caso brasileiro, os baixos custos de produção, combinados com o “prêmio do açúcar” – diferença entre o valor do açúcar e do etanol – incentivaram um direcionamento para a produção açucareira. Atualmente, esse prêmio está em USD 7,0/lb, sete vezes maior que a média histórica de USD 1,0/lb, segundo a consultoria.

Produção Global em Alta e Desafios Locais

Apesar do potencial do Brasil para expandir a produção, há limitações significativas na capacidade instalada das usinas. “Não é necessário ampliar a área plantada, pois os canaviais já oferecem a matéria-prima necessária. A questão é aumentar a capacidade fabril”, destaca o relatório. Em resposta, o setor tem registrado novos investimentos: 1,5 milhão de toneladas anuais adicionais devem ser incorporadas à capacidade produtiva na safra 2024/25 e 1 milhão de toneladas na seguinte.

Além disso, o aumento da oferta global de etanol, especialmente derivado do milho, também influencia a dinâmica do mercado interno. Segundo o relatório, 22 novos projetos de usinas de etanol de milho estão em desenvolvimento no Brasil, pressionando os preços do biocombustível e ampliando a competitividade do açúcar.

Estratégias Comerciais e Projeções

A análise do Itaú BBA sugere que os preços elevados devem persistir no curto prazo, incentivando estratégias de comercialização mais sofisticadas. Para produtores brasileiros, contratos de hedge e operações atreladas aos preços de mercado oferecem alternativas para maximizar receitas em um cenário de volatilidade.

Ainda que o Brasil lidere a produção, a consultoria alerta para a capacidade de recuperação de outros países. "Países como Tailândia e México têm condições de retomar a produção rapidamente, equilibrando a oferta global e pressionando os preços no futuro", aponta o relatório.

O cenário aponta para um período de transição estratégica, onde o Brasil poderá consolidar sua liderança global na produção de açúcar, aproveitando custos baixos, demanda crescente e um mercado internacional favorável.