Tambaqui, Pintado e Pirarucu: aposta no cultivo sustentável
Práticas sustentáveis na criação de tambaqui, pintado e pirarucu impulsionam a recuperação dessas espécies nativas e fortalecem a aquicultura brasileira.
O Brasil, com uma das maiores diversidades de fauna aquática do mundo, enfrenta o desafio e a oportunidade de revitalizar a produção de peixes nativos. Espécies como o tambaqui, o pintado e o pirarucu, que já tiveram quedas na produção devido ao desestímulo causado por preços baixos, estão agora no centro de um movimento em direção a práticas sustentáveis e economicamente viáveis.
José Miguel Saud, especialista em piscicultura, ressalta o potencial dessas espécies. “Nos últimos anos, tenho acompanhado de perto a evolução da criação e manejo dessas espécies. O cenário é promissor. Graças a avanços tecnológicos na piscicultura, o cultivo desses peixes vem se mostrando uma solução viável, sustentável e economicamente atrativa.” Saud destaca o tambaqui como um exemplo emblemático. Amplamente criado no Norte e Centro-Oeste do país, o tambaqui é conhecido por sua resistência e rápido crescimento, características que o tornam uma escolha atrativa para os produtores.
O pirarucu, por sua vez, é uma das espécies mais icônicas das águas doces da Amazônia. Com uma carne valorizada no mercado gastronômico, a espécie, que já enfrentou severa exploração, agora protagoniza iniciativas de manejo sustentável. Essas ações, muitas conduzidas por comunidades ribeirinhas, combinam conservação ambiental com geração de renda. “O manejo do pirarucu em cativeiro tem sido crucial para reduzir a pressão sobre populações selvagens e garantir a sustentabilidade do setor,” afirma Saud.
A Valorização Gastronômica como Motor de Demanda
A crescente valorização dos peixes nativos na gastronomia brasileira e internacional também impulsiona a demanda. Chefs renomados têm introduzido tambaqui, pintado e pirarucu em pratos sofisticados, promovendo o consumo de produtos locais e sustentáveis. Essa mudança na percepção do consumidor é apontada por especialistas como um fator chave para estimular práticas responsáveis na cadeia produtiva.
Além do apelo gastronômico, a expansão da aquicultura desses peixes responde a uma demanda crescente por produtos de alta qualidade e sustentáveis. Para os produtores, o desafio está em equilibrar o crescimento da produção com práticas que respeitem o meio ambiente, evitando impactos negativos, como a poluição dos rios e a introdução de doenças.
Oportunidade e Desafios
Embora as perspectivas sejam animadoras, os desafios não podem ser ignorados. A expansão da aquicultura deve ser planejada com rigor técnico e acompanhamento ambiental. O manejo das populações selvagens de pirarucu e tambaqui continua sendo um ponto de atenção, especialmente para evitar práticas de sobrepesca que comprometam a recuperação das espécies.
“Estamos em um momento decisivo,” aponta Saud. “O Brasil tem a chance de se consolidar como referência mundial em produção sustentável de peixes nativos, combinando conservação ambiental com progresso econômico.”
A revitalização de espécies como o tambaqui, pintado e pirarucu não apenas oferece novas oportunidades econômicas, mas também reforça o papel do país na conservação da biodiversidade e no desenvolvimento de modelos sustentáveis de produção.
COMENTÁRIOS