Mercado de trigo registra queda em estados produtores
Preços do trigo no Brasil apresentam enfraquecimento durante a reta final da colheita, enquanto dólar em alta pressiona custos e pode sustentar valores internos.
Os preços domésticos do trigo no Brasil estão em queda durante a fase final da colheita, conforme levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Apesar do enfraquecimento, o dólar em alta histórica frente ao real impõe custos adicionais à importação e pode influenciar positivamente os valores internos no médio prazo, apontam os pesquisadores do Cepea.
Em novembro, o mercado apresentou variações distintas entre os estados produtores. No Rio Grande do Sul, o preço médio ficou em R$ 1.265,61 por tonelada, uma redução de 1,1% em relação a outubro de 2024 e 0,3% na comparação com o mesmo período do ano anterior, já considerando valores ajustados pela inflação (IGP-DI). No Paraná, maior produtor nacional, a média foi de R$ 1.429,98 por tonelada, sem variação significativa no comparativo mensal, mas com alta de 7,4% sobre novembro de 2023.
São Paulo e Santa Catarina também registraram movimentos contrastantes. Em São Paulo, o preço médio alcançou R$ 1.584,73 por tonelada, com elevações de 3,2% em relação a outubro e 23,6% frente a novembro do ano passado. Já em Santa Catarina, o valor médio caiu 1,5% no comparativo mensal, mas foi 2,6% superior ao registrado no mesmo período de 2023, situando-se em R$ 1.426,82 por tonelada.
Especialistas do Cepea apontam que as variações de preços refletem o equilíbrio entre oferta e demanda locais, a competitividade do produto nacional e os custos crescentes das importações. “O patamar elevado do dólar afeta diretamente os custos de importação, o que pode limitar quedas mais acentuadas nos preços internos do trigo”, explicam os analistas.
Com a safra doméstica avançando, a atenção do mercado volta-se também para as condições climáticas nas regiões produtoras e os preços internacionais, especialmente na Argentina, principal fornecedora do cereal ao Brasil. Apesar das adversidades econômicas, a alta nos custos externos pode contribuir para manter a atratividade do trigo nacional, mesmo em um cenário de preços internos pressionados pela oferta da safra.
Conforme dados do Cepea, o cenário atual reforça a complexidade do mercado de trigo no Brasil, que continua dependente de fatores globais, como o câmbio, e da competitividade da produção doméstica.
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