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,12/12/2024

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Por que investir em bem-estar animal traz retorno no campo?

Vacas felizes geram mais leite, vivem mais e demandam menos gastos, tornando o bem-estar animal um fator estratégico na produção.


Por que investir em bem-estar animal traz retorno no campo?

O conceito de “vacas felizes” tem ganhado cada vez mais espaço nas discussões sobre a pecuária leiteira. Para Hayla Fernandes, médica veterinária e mestre em Ciências Ambientais, com ênfase em sustentabilidade e pecuária, o cuidado com o bem-estar dos animais vai além do aspecto ético e reflete diretamente na produtividade e na saúde financeira das propriedades rurais. “Vacas felizes vivem melhor, produzem mais e reduzem os custos operacionais da fazenda. É uma lógica que beneficia tanto o produtor quanto os animais”, afirma Hayla.

O termo, que pode soar como uma metáfora, na verdade, abrange práticas muito concretas. Entre elas estão a oferta de alimentação de qualidade, conforto térmico, manejo respeitoso e um ambiente onde o animal possa expressar seu comportamento natural. “Esses elementos não são luxos; são condições que garantem a eficiência da produção e a sustentabilidade do negócio”, explica.

Liderança e empatia no campo

O papel do produtor rural é essencial para que as práticas de bem-estar sejam implementadas de maneira eficaz. Hayla destaca que a liderança no manejo impacta diretamente as equipes e, consequentemente, os resultados. “Quando o produtor trata os animais com respeito, os funcionários seguem essa postura. A forma como o líder enxerga o rebanho determina como toda a equipe vai agir”, relata.

Ela cita situações em que o descaso ou a violência ainda estão presentes em algumas propriedades, mas reforça que esses casos são cada vez mais raros. “A maioria dos produtores sabe que tratar bem os animais é indispensável. Muitos já adotam medidas para corrigir maus hábitos, tanto no manejo quanto na cultura da fazenda”, avalia.

Investimento estratégico

Além do manejo, o planejamento financeiro e estrutural da fazenda é apontado como indispensável para alcançar um padrão de excelência. Hayla alerta que decisões precipitadas, como a construção de instalações sem um diagnóstico técnico, podem levar a desperdícios de recursos. “Antes de pensar em investir, o produtor deve entender as necessidades do seu rebanho e alinhar isso à capacidade da propriedade. Planejamento é o que evita erros caros no futuro”, orienta.

Ela também destaca que um manejo adequado começa com a compreensão das particularidades de cada fase do ciclo produtivo. Bezerros, vacas secas e vacas em lactação, por exemplo, possuem necessidades diferentes, mas igualmente importantes. “O bem-estar precisa ser pensado para todas as categorias, não apenas para aquelas que estão diretamente ligadas à produção de leite”, explica.

O impacto no mercado

A sustentabilidade da pecuária leiteira também passa pela capacidade de adaptação dos produtores ao cenário econômico e às demandas do mercado. O número de pequenos produtores tem diminuído no Brasil, enquanto grandes propriedades concentram cada vez mais a produção. Para Hayla, os pequenos podem se diferenciar investindo em produtos de maior valor agregado, como queijos ou iogurtes, ou na venda direta ao consumidor. “Com organização e estratégias bem estruturadas, é possível ampliar os resultados e reduzir a dependência de intermediários”, sugere.

O projeto “Vaca Feliz”, idealizado por Hayla, tem como objetivo educar tanto produtores quanto consumidores sobre a realidade da produção leiteira. A médica veterinária reforça que há um distanciamento entre a percepção pública e a realidade do campo, muitas vezes influenciado por informações distorcidas. “Nosso trabalho é mostrar que a grande maioria das fazendas brasileiras cuida bem dos animais e que o leite que chega às mesas é fruto de um sistema que busca ser cada vez mais ético e eficiente”, conclui.

Um caminho viável para todos

O conceito de “vacas felizes” é, para Hayla, um resumo daquilo que o setor leiteiro pode oferecer de melhor. A prática exige um equilíbrio entre conhecimento técnico, planejamento e manejo adequado, mas os resultados demonstram que é um modelo viável para todos os perfis de produtores, desde os pequenos até os grandes. A transformação começa com a decisão de mudar, e as ferramentas estão ao alcance de quem deseja produzir mais e melhor.




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