Estação de Monta: como o escore corporal afeta os resultados
O planejamento nutricional e estratégico para a estação de monta é crucial para garantir alta taxa de prenhez, saúde das matrizes e produtividade sustentável na pecuária.
A eficiência reprodutiva das matrizes é um dos pilares da pecuária de corte, e o sucesso da estação de monta depende diretamente do escore corporal das vacas. Lucas Barbosa Kondratovich, zootecnista e consultor técnico da Connan, ressalta que a nutrição adequada ao longo do ano é essencial para assegurar altas taxas de prenhez e bezerros de qualidade.
“O escore corporal reflete a condição nutricional da vaca. Uma matriz bem nutrida, em escore médio, apresenta maior capacidade de ciclar e emprenhar, enquanto vacas magras ou obesas enfrentam dificuldades reprodutivas e podem comprometer o desempenho da fazenda”, explicou o especialista.
Por que o período das águas é estratégico?
A estação de monta, tradicionalmente realizada no período das águas, beneficia-se da disponibilidade e qualidade superior das forragens. “Com a chegada das chuvas, o capim renasce com maior valor nutricional e em abundância, proporcionando condições ideais para a nutrição das matrizes”, observou Kondratovich.
Essa disponibilidade natural de pasto facilita a manutenção do escore corporal adequado das vacas, reduzindo custos com suplementação e otimizando a reprodução. Segundo o especialista, planejar a estação de monta para esse período é uma estratégia que assegura maior eficiência produtiva e econômica.
Os pilares de uma estação de monta bem-sucedida
Kondratovich destacou quatro pilares fundamentais para maximizar os resultados na estação de monta:
Nutrição
A base para a alta taxa de prenhez está na nutrição. Vacas bem alimentadas produzem bezerros mais saudáveis e vigorosos, com maior peso no desmame. A suplementação adequada é ainda mais importante em períodos críticos, como a seca ou estiagens atípicas.
Sanidade
A saúde animal é indispensável. “Mesmo com uma boa nutrição, matrizes acometidas por doenças, como a tristeza parasitária ou outras enfermidades, terão desempenho comprometido”, alertou. Vacinação e controle de parasitas são medidas indispensáveis.
Genética
A seleção de matrizes e touros com alta qualidade genética potencializa os resultados da reprodução. “Hoje, tecnologias como inseminação artificial e programas de melhoramento genético tornam o acesso a materiais de qualidade mais viável do que nunca”, afirmou Kondratovich.
Manejo
Funcionários treinados e bem preparados são a base para o sucesso operacional. “O estresse causado por manejo inadequado afeta a liberação de hormônios nas matrizes, prejudicando a taxa de prenhez”, destacou. Além disso, práticas cuidadosas no transporte e contenção do rebanho são indispensáveis.
A relação entre escore corporal e produtividade
O escore corporal também influencia diretamente a qualidade e o peso dos bezerros no desmame. Vacas que emprenham no início da estação de monta, graças a condições nutricionais favoráveis, produzem bezerros mais pesados e com melhor desenvolvimento.
“O peso no desmame pode variar até 40 quilos dependendo da época do parto e da nutrição recebida pela vaca durante a gestação e lactação”, exemplificou Kondratovich. Essa diferença reflete diretamente na rentabilidade da fazenda, uma vez que bezerros mais pesados alcançam melhores preços de mercado.
E quando a estiagem compromete a forragem?
Em anos de estiagem prolongada, como os recentes registrados em várias regiões do Brasil, o planejamento da suplementação torna-se indispensável. O consultor técnico orienta que os pecuaristas intensifiquem o uso de proteinados, volumosos e suplementos minerais para suprir a carência de pasto.
“Mesmo em situações adversas, o calendário da estação de monta deve ser mantido. Alterar os períodos pode desorganizar o manejo e gerar dificuldades para recuperar o planejamento inicial nos anos seguintes”, alertou.
O papel dos touros na estação de monta
Assim como as matrizes, os touros também devem receber atenção especial. O escore corporal ideal impacta diretamente a qualidade do sêmen e a eficiência reprodutiva. “Um touro mal nutrido terá baixa espermogênese e desempenho reduzido, prejudicando a taxa de prenhez do rebanho”, afirmou Kondratovich.
Além disso, os cuidados sanitários e a avaliação genética são indispensáveis para assegurar o bom desempenho do reprodutor.
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