Brasil e EUA: competitividade da soja exige equilíbrio
O crescimento das exportações brasileiras de soja, que consolidou o país como líder mundial, tem enfrentado custos elevados no longo prazo.
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Por: Luciano dos Santos Alegre
Que o Brasil é o maior exportador mundial de soja nos últimos anos já sabemos. No entanto, esse crescimento tem custos. Expansões sobre áreas de vegetação nativa, como no Cerrado, frequentemente geram prejuízo econômico no longo prazo, de acordo com o estudo IFAMA de 2024. Estudos mostram que o desmatamento pode levar a perdas no valor presente líquido das áreas convertidas, devido à redução da produtividade causada por mudanças climáticas, como chuvas irregulares e aumento de temperaturas.
Alguns estudos sugerem que o impacto negativo no solo e no clima pode comprometer os rendimentos futuros, resultando em fluxos de caixa insuficientes para cobrir os investimentos, que chegam a incluir custos elevados com aquisição de terras e ajustes de fertilidade, estimados em até US$ 5.310/ha em valores presentes para serviços ecossistêmicos perdidos.
Essas projeções reforçam a necessidade de práticas agrícolas mais sustentáveis para equilibrar crescimento e viabilidade econômica.
Quando comparamos os custos, o Brasil tem vantagem: nossos custos por hectare são quase 20% mais baixos que nos EUA. Porém, os americanos compensam com maior produtividade e uma logística mais eficiente, que reduz custos de transporte. Aqui, apesar de avanços como a pavimentação da BR-163, o transporte ainda é caro, principalmente em regiões como o Mato Grosso.
O Brasil se destaca pela capacidade de produzir em larga escala e até duas safras por ano, enquanto os EUA lideram em tecnologia e infraestrutura. Para o produtor do Centro-Oeste, a mensagem é clara: expandir com planejamento, investir em tecnologia e pressionar por melhorias logísticas são as chaves para manter nossa competitividade e garantir um futuro lucrativo e sustentável.
Pensar no longo prazo cada vez mais é necessário, independente do viés de opiniões que, por vezes, nos deparamos. Publicações como essa nos fazem refletir sobre os reflexos das decisões de hoje no nosso futuro e no futuro dos nossos negócios. Vamos projetar as finanças de nossos negócios.
Pense nisso e até o nosso próximo momento AgroFinanceiro. Quem quiser, nos acompanhar nas redes sociais, é só seguir o @olucianoalegre no Instagram.
Até mais...
*Luciano dos Santos Alegre, Engenheiro Agrônomo e especialista em finanças, consultor para empresas rurais em todo o Brasil com mais de 10 anos de experiência no agronegócio.
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