Pequi: cultivo sustentável ganha reforço com nova legislação
O Governo Federal sancionou a Lei 1970/2019, promovendo a produção sustentável do pequi e protegendo o Cerrado com ações concretas.
O pequi, fruto do pequizeiro (Caryocar brasiliense), é amplamente utilizado na culinária e na indústria, sendo uma importante fonte de renda para milhares de produtores. Além de suas aplicações gastronômicas em pratos como arroz com pequi, o fruto é usado na fabricação de óleos, cosméticos e medicamentos.
Comer o pequi exige cuidado devido ao endocarpo espinhoso que protege a semente. Para consumir, é comum cozinhar o fruto e retirar apenas a polpa com os dentes, sem morder o caroço, evitando contato com os espinhos. O fruto é amplamente utilizado em pratos típicos da região Centro-Oeste, como o arroz com pequi, que mistura a polpa com temperos tradicionais, conferindo sabor marcante e característico.
“A nova legislação é um marco para o fortalecimento do manejo sustentável e amplia as oportunidades econômicas para pequenos produtores”, destaca Rafael Gouveia, presidente da Emater Goiás, entidade que atua diretamente na preservação do fruto no estado.
Com propriedades antioxidantes e ricas em lipídeos, o pequi é também valorizado por seus benefícios à saúde, como a prevenção de doenças cardiovasculares e hepáticas, segundo estudos conduzidos por instituições de pesquisa.
Arroz com pequi, uma iguaria muito apreciada pelos goianos. Um prato típico da cultura local.
Preservação e produção sustentável
A nova lei proíbe a derrubada predatória de pequizeiros e incentiva o cultivo de mudas nativas, garantindo que as futuras gerações possam usufruir do bioma. Em Goiás, a Emater desempenha um papel-chave nesse processo, com a manutenção do maior banco de germoplasma de pequi do mundo, que conta com mais de 1.600 variedades do fruto.
A instituição também promove o fornecimento de material genético de qualidade para viveiristas, facilitando a reprodução de mudas a preços acessíveis. Essa iniciativa busca expandir o acesso ao cultivo do fruto e preservar a biodiversidade do Cerrado goiano.
Inovações na produção
Em parceria com a Embrapa Cerrados, a Emater lançou seis novas variedades de pequi, incluindo três sem espinhos, uma opção que facilita o consumo e amplia o apelo comercial. Essa novidade demonstra como a pesquisa e o desenvolvimento podem impulsionar a sustentabilidade e agregar valor ao produto.
Outro destaque da lei é o fomento a políticas públicas que valorizam o manejo responsável, como eventos culturais e selos de qualidade para os produtos do Cerrado. Essas iniciativas visam gerar visibilidade e aumentar o valor agregado do pequi e de outros frutos da região.
Flor do pequizeiro que dá origem aos frutos.
Impacto econômico e cultural
A produção de frutos do Cerrado movimenta a economia local, gerando renda para agricultores familiares e comunidades extrativistas. Além do pequi, outros frutos como baru, mangaba e cagaita têm papel relevante no mercado, sendo transformados em polpas, licores e cosméticos.
“Os frutos do Cerrado são parte da identidade cultural e econômica da região. Preservar esse bioma é essencial para o equilíbrio ecológico e para a sustentabilidade das famílias que dependem dele”, afirma Gouveia.
A legislação também promove a integração entre preservação ambiental e desenvolvimento econômico, incentivando boas práticas agrícolas e o uso consciente dos recursos naturais. Esse equilíbrio é fundamental para que o Cerrado continue a ser uma fonte de riqueza para as comunidades locais.
COMENTÁRIOS