A safra de soja 2024/25 no Brasil caminha para se tornar a maior da história, com projeções apontando 172,4 milhões de toneladas. Dados preliminares do Rally da Safra, organizado pela Agroconsult, indicam crescimento de 10,9% em relação à safra anterior e 6,2% acima do recorde estabelecido em 2022/23. A área plantada também registrou aumento, alcançando 47,5 milhões de hectares, com produtividade média projetada em 60,5 sacas por hectare, contra 55,4 sacas no ciclo passado.

Crescimento em meio a desafios

O crescimento da área cultivada foi moderado, com acréscimo de 700 mil hectares (1,5%) em comparação ao ciclo anterior, impulsionado pela migração de áreas de milho para soja. Segundo André Debastiani, coordenador do Rally da Safra, o ritmo mais lento reflete as dificuldades enfrentadas pelo setor. “Ainda assim, essa expansão contribui para o aumento da oferta na safra atual”, destacou.

Clima favorável marca diferença no início do ciclo

Ao contrário de 2023/24, quando o replantio foi significativo, o clima favorável garantiu boas condições de plantio nesta safra, com baixo índice de replantio e desenvolvimento uniforme das lavouras. Contudo, algumas regiões enfrentam desafios climáticos, como estiagem e altas temperaturas, especialmente no Sul do Rio Grande do Sul, Sul do Mato Grosso do Sul e Oeste do Paraná.

No Rio Grande do Sul, a estiagem compromete a produtividade em regiões como Missões e a metade Sul, com previsão de 49,5 sacas por hectare, abaixo das 50,8 da safra anterior. No Mato Grosso do Sul, a estiagem também impacta a produtividade no Sul do estado, estimada em 56,5 sacas por hectare, frente a 51,2 do ciclo passado. No Paraná, embora a maior parte das lavouras apresente bom desempenho, as regiões Norte e Oeste enfrentam 15 a 20 dias de seca e calor intenso, com projeção de 63 sacas por hectare, contra 56,1 no ano anterior.

Estados em destaque positivo

Os estados de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Bahia, São Paulo e Tocantins são os principais destaques desta safra, com estimativas de produtividade entre as maiores da história.

No Mato Grosso, maior produtor de soja do país, a colheita já foi iniciada, e, apesar das constantes chuvas que dificultam as operações, a estimativa é de 63 sacas por hectare, em comparação às 53,1 do ciclo anterior. O estado deve produzir 7,9 milhões de toneladas a mais, caso as condições se mantenham favoráveis.

Goiás também apresenta cenário otimista, com produtividade projetada em 65,5 sacas por hectare, superior às 62 do ciclo 2023/24, reflexo das chuvas bem distribuídas. Em Minas Gerais, a estimativa é de 66 sacas por hectare, acima das 63,5 do recorde anterior, enquanto a Bahia segue com projeção de 67 sacas por hectare, frente a 63,8 do ciclo passado.

Em São Paulo, o crescimento é ainda mais expressivo, com produtividade esperada em 64,5 sacas por hectare, contra 48,1 da safra anterior. No Tocantins, o início da safra é considerado o melhor da história, com estimativa de 58 sacas por hectare, igualando o recorde.

Infraestrutura e desafios futuros

Com uma safra de grande porte e condições úmidas no momento da colheita, os desafios logísticos e de armazenagem se tornam mais evidentes. André Debastiani alerta para as dificuldades que podem surgir. “A alta umidade pressiona a infraestrutura de armazenagem e secagem, o que pode gerar descontos na entrega. Também há preocupações quanto a podridão de vagens e maior pressão de doenças, o que tende a alongar o ciclo da soja e atrasar o plantio do milho”, afirmou.

Expedição técnica percorre o país

Nesta edição, o Rally da Safra mobilizará equipes que percorrerão mais de 80 mil quilômetros por 12 estados, abrangendo 95% da área de produção de soja e 72% da área de milho do Brasil. Os trabalhos em campo, iniciados em 12 de janeiro, continuam até 22 de março, com análises das condições das lavouras em diferentes estágios de desenvolvimento e colheita.