O mercado de etanol em São Paulo registrou novos avanços nos preços na última semana, com destaque para a movimentação aquecida nas distribuidoras. Entre os dias 13 e 17 de janeiro, o Indicador CEPEA/ESALQ do etanol hidratado fechou a R$ 2,7901 por litro, líquido de impostos, representando um aumento de 1,9% em relação ao período anterior. O etanol anidro também apresentou elevação de 1,15%, alcançando R$ 3,1360 por litro, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

A competitividade do etanol em relação à gasolina tem sido outro ponto de destaque. Na semana de 12 a 18 de janeiro, o biocombustível foi mais vantajoso em sete estados e no Distrito Federal, de acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). No período, a paridade de preços média do etanol em relação à gasolina ficou em 67,80%, abaixo do limite de 70% tradicionalmente considerado competitivo. Estados como Mato Grosso (64,94%) e São Paulo (66,56%) registraram as melhores relações de preço.

Na produção, o setor apresentou uma significativa transição de tendências. Embora a moagem de cana-de-açúcar tenha registrado queda de 4,75% no acumulado da safra 2024/2025 até 1º de janeiro, alcançando 613,6 milhões de toneladas, a produção de etanol segue em crescimento. No total, 32,42 bilhões de litros de etanol foram produzidos, uma alta de 3,07% em relação ao mesmo período do ciclo anterior. O destaque fica para o etanol de milho, que atingiu 6,03 bilhões de litros no acumulado da safra, um aumento expressivo de 30,86%.

"A despeito da menor moagem de cana-de-açúcar, as vendas de etanol foram sustentadas pela maior oferta do biocombustível fabricado a partir do milho e por estoques elevados no início do ciclo 2024/2025", explica Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA).

As vendas internas também refletem o bom desempenho do setor. Em dezembro, as unidades produtoras do Centro-Sul comercializaram 2,95 bilhões de litros, 2,55% acima do registrado no mesmo mês do ciclo anterior. No acumulado da safra, as vendas internas somaram 26,78 bilhões de litros, alta de 11,84%.

Outro dado relevante é a dinâmica do mercado de CBios (Créditos de Descarbonização), onde o setor segue demonstrando equilíbrio e excedentes. A meta de descarbonização para 2024 foi cumprida com folga, e o saldo de créditos no início de 2025 supera 16 milhões de unidades, equivalente a um terço da meta total do ano. "A emissão de títulos pelos produtores foi mais do que suficiente para atender às exigências legais das distribuidoras", afirma Rodrigues.

Os resultados do setor refletem a importância do etanol como um produto estratégico no cenário energético nacional, especialmente durante o período de entressafra, quando a oferta é garantida por estoques e pela crescente produção de etanol de milho.