O uso de variedades geneticamente aprimoradas está transformando a produção de cana-de-açúcar no Brasil, permitindo maior eficiência produtiva e enfrentamento de desafios ambientais e de mercado. Dados do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) mostram que essas novas variedades aumentam em até 20% a produtividade em toneladas de açúcar por hectare (TAH), com destaque para os últimos avanços biotecnológicos que potencializam os ganhos no campo.

De acordo com Luciana Castellani, gerente de Melhoramento Genético do CTC, "novas variedades apresentam ganhos significativos em produtividade, resultando em maior produção de toneladas de açúcar por hectare. Isso se deve ao aprimoramento contínuo no desenvolvimento genético, que aumenta o rendimento agrícola". A pesquisa do CTC, baseada na Plataforma de Benchmarking, demonstra que as variedades lançadas após o ano 2000 têm performance 20,6% superior àquelas desenvolvidas na década de 1980. Entre as variedades mais recentes, os ganhos chegam a 36,6% em toneladas de açúcares totais recuperáveis por hectare (ATR/ha).

Redução de ciclos e biotecnologia impulsionam avanços

Um dos grandes diferenciais das novas variedades está na redução do ciclo de recorrência de genitores, que acelera o ganho genético e a introdução de cultivares mais produtivas no mercado. "Essa redução nos permite capturar maiores níveis de ganhos genéticos de forma acelerada, atender rapidamente às demandas do mercado e desafios ambientais, assim como assegurar a constante introdução de genitores de melhores performances e adaptados a diferentes condições edafoclimáticas", explica Castellani.

A biotecnologia também desempenha papel fundamental nesse avanço. Variedades Bt, por exemplo, são resistentes à broca-da-cana, praga que afeta significativamente a produtividade em regiões de manejo mais desafiadoras. "Essas variedades garantem maiores rendimentos e asseguram maior previsibilidade de resultados", comenta Ricardo Neme, gerente de Marketing do CTC.

Manejo adequado maximiza resultados

Apesar dos avanços genéticos, o sucesso das novas variedades também depende do manejo correto, alinhado às características específicas de cada ambiente de produção. Segundo Neme, alocar as variedades nos locais apropriados é essencial para maximizar os ganhos. "Respeitar o manejo de época de colheita e o potencial produtivo do local, tecnicamente chamado de ambiente de produção edafoclimático, é determinante para o sucesso", afirma. Dados da Plataforma de Benchmarking mostram que o manejo correto pode gerar um incremento de 14% na produtividade, o equivalente a 1,2 toneladas de açúcar a mais por hectare.

O impacto financeiro também é significativo. Em um ciclo de cinco anos, a escolha de variedades modernas pode aumentar o lucro bruto em até 37%, ou cerca de R$ 3 milhões, em comparação a variedades antigas. Quando a adoção é acelerada, esses ganhos podem dobrar, alcançando R$ 6 milhões no mesmo período.

CTC lidera avanços no setor sucroenergético

O CTC, criado em 1969, é uma referência global em biotecnologia aplicada à cana-de-açúcar. Com o maior banco de germoplasma do mundo, que reúne mais de 5 mil variedades, a empresa atua no desenvolvimento de soluções inovadoras para o setor. Além do foco na produtividade, a companhia também tem contribuído para a sustentabilidade do agronegócio, com iniciativas que incluem o aumento da eficiência na produção de biocombustíveis como o etanol e a geração de bioeletricidade a partir da palha da cana.