Expectativas de crescimento da segunda safra de milho e algodão
A segunda safra de grãos no Brasil avança com bom clima, mas enfrenta desafios como cigarrinha-do-milho, manejo fitossanitário e capacitação técnica.
A segunda safra de grãos no Brasil, especialmente em estados como Mato Grosso e Rondônia, segue a todo vapor. Apesar das condições climáticas favoráveis até o momento, desafios como o controle da cigarrinha-do-milho, o manejo fitossanitário e a capacitação da mão de obra continuam sendo pontos de atenção para os produtores. Mariana Dossin, gerente de desenvolvimento de mercado da BASF, detalha as projeções e os obstáculos da safra 2025 em entrevista ao Agro e Prosa.
Clima e impactos na produtividade
A safra 2025 tem sido marcada por um regime de chuvas dentro do padrão histórico do Cerrado, com altos volumes registrados em dezembro e janeiro. "Conversando com produtores que estão há mais tempo na região, eles relatam que este ano o clima segue o padrão característico do Cerrado, com muita chuva nessa fase inicial", afirma Mariana. Contudo, os volumes excessivos têm gerado dificuldades pontuais na colheita da soja, principal cultura antecedente do milho e do algodão na segunda safra.
Janela de plantio e projeções para o milho
A janela de plantio do milho segunda safra pode sofrer ajustes devido à colheita da soja, que está um pouco atrasada em algumas áreas. "Quem apostou em cultivares precoces pode conseguir plantar dentro da janela ideal. No entanto, a expectativa é de um leve atraso na implantação, o que pode impactar a produtividade, principalmente em regiões mais ao norte do Mato Grosso", explica a especialista.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma produção total de 119,6 milhões de toneladas de milho considerando as três safras do cereal. Para Mariana, a meta é alcançável, desde que o clima mantenha padrões favoráveis. "O Brasil tem investido em tecnologia, com híbridos de alta produtividade e avanços significativos no manejo fitossanitário. Se tivermos boas condições climáticas, podemos chegar perto dessa projeção."
Manejo de pragas e a cigarrinha do milho
Mariana Dossin, gerente de desenvolvimento de mercado da BASF para MT e RO.
Um dos desafios da safrinha tem sido o controle da cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), vetor de enfermidades como o enfezamento. "Essa praga tem causado impacto significativo nos últimos anos. Hoje, o manejo deve incluir híbridos menos suscetíveis, controle de plantas hospedeiras e aplicações preventivas de inseticidas, preferencialmente combinando produtos químicos e biológicos", destaca Mariana. Ela ressalta que o monitoramento da praga e a aplicação no timing correto são fundamentais para evitar perdas severas.
Avanço da tecnologia no tratamento de sementes
A adoção de tratamento industrial de sementes tem se mostrado uma estratégia eficiente para garantir a sanidade inicial das lavouras. "Os produtores estão investindo mais em fungicidas, inseticidas e nematicidas no tratamento de sementes, bem como no uso de biológicos que proporcionam proteção prolongada", afirma a especialista. Esse investimento tem sido decisivo para evitar perdas na fase inicial da lavoura.
Algodão e o manejo do crescimento
O algodão segunda safra também requer atenção especial. O crescimento excessivo das plantas pode comprometer a produtividade e dificultar o controle fitossanitário. "Os reguladores de crescimento são essenciais para garantir uma planta equilibrada, que invista mais energia na produção de plumas do que no crescimento vegetativo excessivo", explica Mariana. Segundo ela, uma planta mais compacta também facilita o manejo de doenças e pragas.
Agricultura digital e tomada de decisão estratégica
As ferramentas digitais estão ganhando espaço na gestão da segunda safra. "Com plataformas como a xarvio, os produtores conseguem mapear a variabilidade das áreas, ajustando a adubação e a densidade de plantas com mais precisão", diz Mariana. Isso permite otimizar insumos e maximizar o potencial produtivo das lavouras.
Capacitação da mão de obra: um desafio constante
Mesmo com o avanço das tecnologias, um ponto crítico segue sendo a qualificação da mão de obra. "De nada adianta ter uma excelente tecnologia se não tivermos operadores qualificados para garantir uma boa plantabilidade e aplicação de defensivos no momento certo", pontua Mariana. A capacitação contínua dos profissionais do campo é um fator determinante para o sucesso da produção.
Perspectivas para a safra 2025
A segunda safra segue como um dos principais motores do agronegócio brasileiro. Com manejo eficiente, tecnologia e monitoramento de riscos, o produtor rural pode superar os desafios e garantir boa rentabilidade na safrinha 2025. "O produtor brasileiro é altamente eficiente, e essa eficiência é o que tem colocado o Brasil entre os principais fornecedores de alimentos para o mundo", conclui Mariana.
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