Microbiologia do solo fortalece a produtividade agrícola
A microbiologia do solo é essencial para a produtividade agrícola. Paulo D’Andrea explica como o manejo microbiológico pode restaurar o solo.
A microbiologia do solo tem se tornado um tema central na busca por uma agricultura mais produtiva e sustentável. Durante entrevista ao podcast Agro e Prosa, Paulo D’Andrea, diretor de P&D da Microgel, abordou a importância do manejo microbiológico do solo e os impactos do monocultivo na saúde das lavouras.
A história e a evolução da Microgel
Com 25 anos de atuação, a Microgel foi criada por agricultores que, no início da década de 1990, perceberam que a fertilidade dos solos ia além da análise química e física. O próprio D’Andrea, que também vem de uma família de agricultores, contou como essa percepção levou à busca por soluções que restaurassem a vida microbiana do solo, fator essencial para a produtividade no longo prazo.
“Quando eu fazia uma análise de solo, via que todos os nutrientes estavam lá. Mas ao fazer uma análise foliar, percebia que alguns estavam em deficiência. O que explicava isso? A resposta estava na biologia do solo”, explicou D’Andrea.
A empresa, sediada em Limeira (SP), tem investido em pesquisas para desenvolver tecnologias que restauram a biodiversidade microbiana do solo, permitindo que a produção agropecuária seja mais eficiente e resiliente aos desafios climáticos.
O impacto do monocultivo e a degradação do solo
A expansão da fronteira agrícola no Brasil, especialmente no Cerrado, trouxe um desafio que vai além da correção química e da mecanização: a perda da diversidade biológica do solo. Segundo D’Andrea, estudos demonstram que, em cinco anos de monocultivo, a biomassa microbiana do solo pode reduzir em até 70%.
“O monocultivo gera um reducionismo biológico. Isso leva ao envelhecimento do solo, tornando-o menos estruturado, mais compactado e, consequentemente, mais vulnerável a pragas, doenças e estresses climáticos”, afirmou.
Ele destacou que a compactação do solo, provocada pela perda da atividade biológica, tem relação direta com a menor infiltração e retenção de água, além de aumentar a incidência de doenças como a esclerotinia (mofo branco), comumente encontrada em áreas de solo compactado.
Tecnologias para restaurar a saúde do solo
Para mitigar os impactos negativos do monocultivo, a Microgel desenvolveu uma tecnologia baseada na reposição da diversidade microbiana do solo. Diferente dos biológicos tradicionais, que focam em organismos específicos, a abordagem da empresa é restaurar a biodiversidade como um todo, criando um ambiente mais equilibrado.
“A função do microbioma do solo é garantir que a planta consiga absorver os nutrientes de forma eficiente. Se você tem uma microbiologia ativa, você tem um solo que se estrutura melhor, absorve mais água e oferece mais resiliência à lavoura”, ressaltou D’Andrea.
Pesquisas recentes indicam que o uso da tecnologia da Microgel em lavouras de soja e cana-de-açúcar resultou em uma redução da temperatura foliar em até 1,5ºC, promovendo um ambiente mais adequado para o metabolismo da planta.
Expansão internacional e novas parcerias
Com os avanços das pesquisas e o reconhecimento da eficiência do manejo microbiológico, a Microgel tem expandido sua atuação para fora do Brasil. Atualmente, a empresa já desenvolve trabalhos no Paraguai, onde estabeleceu parceria com a LAR Paraguai, além de atuar em mercados como Argentina e Uruguai.
O trabalho realizado no Paraguai faz parte de um programa que visa promover a sustentabilidade agrícola na região, incorporando o manejo microbiológico do solo como uma ferramenta para garantir maior produtividade com menor impacto ambiental.
“A microbiologia do solo não é apenas um conceito teórico, é um caminho concreto para a sustentabilidade e rentabilidade do agricultor. Hoje, temos pesquisas que mostram que lavouras manejadas com microbiologia ativa têm maior resiliência e, em muitos casos, produzem mais mesmo sob condições climáticas adversas”, concluiu D’Andrea.
A crescente adoção de estratégias biológicas no manejo agrícola reforça a tendência de uma agricultura mais equilibrada e menos dependente de insumos químicos, garantindo a sustentabilidade dos sistemas produtivos no longo prazo.
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