Doenças de final de ciclo ameaçam produtividade da soja
A incidência de doenças de final de ciclo e perdas na colheita estão impactando a produtividade da soja no Brasil. O engenheiro agrônomo Cléo João Hemielevski explica como o manejo adequado pode evitar prejuízos aos produtores.
A soja brasileira tem alcançado patamares históricos de produtividade, mas ainda enfrenta desafios como as doenças de final de ciclo (DFCs) e perdas na colheita. Segundo Cléo João Hemielevski, engenheiro agrônomo e proprietário da CJ Agrícola, o produtor precisa estar atento ao manejo correto para evitar prejuízos que podem chegar a até 10 sacas por hectare.
Hemielevski destaca que Rio Verde - GO se tornou um dos maiores polos de pesquisa agrícola do Brasil. "Hoje, são mais de 20 estações de pesquisa particulares na região, o que acelera a disseminação de novas tecnologias para o campo", afirma.
Essa estrutura de pesquisa foi impulsionada pelo antigo Clube Amigos da Terra, que fomentou a adoção do plantio direto e consolidou a cidade como um centro de inovação no agronegócio, ainda na década de 80.
Doenças de final de ciclo e manejo inadequado
As doenças de final de ciclo, como cercospora, septoriose, antracnose e mancha-alvo, estão cada vez mais presentes nas lavouras. De acordo com Hemielevski, um dos principais problemas é a redução de aplicações de fungicidas no final do ciclo da cultura.
"Muitos produtores fazem três aplicações quando o ideal são cinco. A quarta e a quinta são essenciais para manter a lavoura protegida até a colheita", explica. O custo de uma aplicação extra é de aproximadamente 0,6 sacas por hectare, enquanto as perdas por doenças podem chegar a 10 sacas.
Outro erro frequente é o aumento do intervalo entre aplicações. "O fungicida tem efeito por 15 dias, mas alguns produtores estão aplicando a cada 20 dias. Esse espaço é suficiente para que as doenças se instalem e reduzam a produtividade", alerta Hemielevski.
Perdas na colheita: um problema evitável
As perdas na colheita também representam um problema significativo. Estudos de monitoramento conduzidos pela CJ Agrícola mostram perdas que chegam a 8 sacas por hectare, enquanto o aceitável é meio saco por hectare.
"Os principais fatores de perda são a ventilação excessiva das colheitadeiras e a regulação incorreta das peneiras. Pequenos ajustes podem evitar desperdícios gigantescos", destaca Hemielevski.
A empresa implementou um método simples para os produtores verificarem suas perdas. "Basta colocar uma armação com barbante e quatro pinos atrás da colheitadeira, coletar os grãos e comparar com a tabela de referência. Se estiver acima do limite aceitável, é preciso ajustar a colheitadeira imediatamente", explica.
Tecnologia e inovação para altas produtividades
A busca pelos três dígitos de produtividade é uma realidade cada vez mais próxima. Segundo Hemielevski, avanços como o manejo integrado de biológicos e químicos e o uso de precursores hormonais estão mudando a dinâmica da produção.
"Estruturar a planta para aumentar a quantidade de vagens por planta é uma estratégia promissora. A adoção de reguladores de crescimento, como citocinina, auxina e giberelina, tem mostrado resultados positivos", explica.
Com um manejo adequado e a adoção das tecnologias disponíveis, Hemielevski acredita que a média de 100 sacas por hectare em escala comercial não está distante. "Nos últimos 30 anos, a produtividade avançou em uma média de um saco por hectare a cada ano. Mantendo esse ritmo e investindo em tecnologia, é apenas questão de tempo para alcançarmos essa meta".
COMENTÁRIOS