A rastreabilidade do rebanho bovino do Pará avança com a implementação de um projeto piloto que visa garantir o monitoramento individual de cada animal. O tema será discutido nos dias 18 e 19 de fevereiro, em São Geraldo do Araguaia, durante o evento "Rastreabilidade Individual como Ferramenta de Gestão e Conformidade", promovido pelo frigorífico Masterboi e pela organização Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, com apoio do Imaflora.

A iniciativa piloto é financiada pelo programa Al-Invest Verde e pelo fundo Bezos, e já auxiliou 14 produtores rurais no processo de brincagem de animais. Atualmente, mais de 3.000 bovinos já possuem identificação individual, e a meta é ampliar o programa para 150 produtores, atingindo 101 mil bovinos até o final do ano. O governo do Pará estipulou 2026 como prazo para rastrear todo o rebanho do estado, tornando-se referência nacional na gestão da pecuária.

No primeiro dia do evento, produtores rurais participarão de painéis técnicos sobre a rastreabilidade obrigatória no estado e suas implicações para a cadeia produtiva. Serão apresentados os avanços da iniciativa, incluindo a adoção de tecnologias que asseguram a rastreabilidade socioambiental, permitindo maior transparência e controle sobre a origem da carne bovina.

A Masterboi, uma das maiores indústrias frigoríficas do Brasil, está diretamente envolvida no projeto e defende a adoção da rastreabilidade como um diferencial competitivo. "No longo prazo, a rastreabilidade do rebanho beneficia fornecedores em todos os níveis, o frigorífico e oferece uma garantia a clientes e consumidores", destaca Sandra Catchpole, Head de ESG e Compliance da Masterboi.

A rastreabilidade se tornou um requisito cada vez mais presente nas exigências do mercado global. "Considerando as demandas atuais do mercado, o Brasil precisará, em um curto espaço de tempo, promover melhorias e modernização dos sistemas existentes e implementar novos instrumentos capazes de atestar a rastreabilidade socioambiental de seus rebanhos", afirma Pedro Burnier, diretor do Programa de Cadeias Agropecuárias da Amigos da Terra (AdT).

Os avanços recentes, como o lançamento do sistema de rastreabilidade do Pará e a criação do Plano Nacional de Rastreabilidade pelo governo federal, indicam um movimento crescente rumo à maior transparência da cadeia produtiva da carne bovina. "O engajamento do setor é um grande passo para manter competitividade em um mercado cada vez mais exigente quanto à sustentabilidade dos produtos que consome", afirma Marina Guyot, gerente de Políticas Públicas do Imaflora.

No segundo dia do evento, os participantes realizarão uma visita de campo para observar a aplicação prática da brincagem dos bovinos no projeto piloto. O objetivo é demonstrar como a tecnologia pode ser integrada à gestão das propriedades rurais, contribuindo para a sustentabilidade e rastreabilidade da carne brasileira.