Produção de milheto cresce e ganha espaço no Brasil
Com custos menores e benefícios agronômicos, o milheto granífero surge como uma alternativa rentável para a segunda safra no Brasil, atraindo a atenção dos produtores.
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A busca por alternativas ao milho e ao sorgo na segunda safra tem levado os produtores a considerarem o milheto granífero como opção viável. Segundo Leandro Fernandes, representante comercial autônomo (RCA) da Atto Sementes, a cultura apresenta menor custo de produção e importante impacto na melhoria do solo. “O conceito de que o milheto é apenas para cobertura já está ultrapassado. Hoje, o produtor começa a enxergar o potencial econômico da cultura”, afirmou.
A viabilidade econômica é um dos principais atrativos. Enquanto o custo de implantação do milho pode ultrapassar R$ 4.000 por hectare e o sorgo chega a R$ 3.000, o milheto tem um investimento significativamente menor, girando entre R$ 1.000 e R$ 1.500 por hectare. Essa diferença impacta diretamente a rentabilidade, tornando o cultivo mais acessível a diferentes perfis de produtores.
Outro diferencial do milheto está na melhoria das condições do solo. Com um sistema radicular agressivo, a planta descompacta o solo e melhora sua estrutura, facilitando o desenvolvimento de culturas subsequentes, como a soja. “A capacidade do milheto de ciclar nutrientes supera até mesmo a da braquiária, o que reflete em ganhos na produtividade da safra seguinte”, explicou Fernandes.
O baixo risco de perdas também é um fator de destaque. Com maior tolerância à seca em relação ao milho e ao sorgo, o milheto se adapta bem a regiões de menor precipitação. No Mato Grosso do Sul, áreas com apenas 150 mm de chuva ao longo do ciclo conseguiram obter produtividade de 40 sacas por hectare, um desempenho considerável diante das condições climáticas adversas.
No mercado, o grão do milheto encontra espaço crescente, especialmente na alimentação animal. “Vemos granjas de aves e confinamentos substituindo milho e sorgo por milheto devido ao seu elevado valor nutricional, sem perda de desempenho para os animais”, destacou Fernandes. O grão apresenta teor proteico até 50% maior do que o milho e pode ser incorporado integralmente na dieta de bovinos e aves sem riscos de contaminação por toxinas.
Apesar das vantagens, desafios logísticos ainda limitam a expansão da cultura. Muitos armazéns ainda não estão preparados para receber o milheto, dificultando a comercialização. “Trabalhamos para estruturar melhor esse setor, estabelecendo parcerias com cooperativas e criando modelos de logística mais eficientes”, afirmou Fernandes.
Estados como Bahia, Mato Grosso do Sul e Goiás têm liderado a expansão do cultivo, com crescimento gradual da área plantada. A perspectiva é de que o milheto se torne cada vez mais relevante na segunda safra, especialmente diante dos desafios climáticos e da necessidade de diversificação do sistema produtivo brasileiro.
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