FPA critica governo por suspensão do crédito rural em momento crítico
O governo federal suspendeu as linhas de crédito rural do Plano Safra 24/25, gerando preocupação no setor agropecuário. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) criticou a decisão e alertou para os impactos na produção e na inflação dos alimentos.
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A suspensão das novas operações de crédito do Plano Safra 24/25, anunciada em 20 de fevereiro, ocorre em um momento delicado para o agronegócio brasileiro. Com a primeira safra ainda em colheita e o planejamento da próxima em andamento, produtores enfrentam dificuldades para acessar financiamentos subsidiados, essenciais para custeio e investimentos.
O motivo alegado para a suspensão está no aumento da taxa Selic, que subiu de 10,50% em julho de 2024 para 13,25% em janeiro de 2025. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) responsabiliza a falta de controle fiscal do governo federal, que teria levado à desvalorização da moeda e ao aumento dos juros, comprometendo a viabilidade do crédito rural.
A medida também está diretamente relacionada à execução orçamentária do Plano Safra, cujos recursos previstos foram rapidamente esgotados. O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, por meio de ofício circular, esclareceu que a suspensão foi necessária devido à ausência de margem orçamentária para continuar as operações de crédito equalizado.
Indignação do presidente da FPA
O deputado federal Pedro Lupion, presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio gravou um vídeo, demonstrando a sua indignação com os cortes dos recursos.
"Desde o primeiro dia que assumi a Frente Parlamentar da Agropecuária junto com os meus pares todos, com a nossa diretoria, com os nossos membros, a única coisa que a gente pede é respeito. Respeito que desse governo passou muito longe.
Um dia muito pesado, um dia muito triste, um dia em que a gente viu o total desprezo, desrespeito ao agropecuário brasileiro. A suspensão de novas operações de crédito equalizados do Plano Safra nos leva àquele ponto em que a gente achou que nunca chegaria. O ponto do total desprezo de um governo que não tem responsabilidade fiscal, um governo que não sabe gastar, um governo que gasta muito mais do que arrecada, que perdeu a mão na economia, aliás, perdeu a credibilidade na economia.
Isso fez com que a inflação voltasse com tudo, com que o câmbio ficasse completamente descontrolado e mais do que isso, uma taxa de juros que era tão criticada por eles cada dia maior. É óbvio, equalizar juros de quase 15%, de 12, 13, 14, é muito mais difícil do que equalizar juros baixos e, para isso, precisa de dinheiro."
O Presidente da FPA, Pedro Lupion, não poupou críticas ao governo federal.
Impacto direto no produtor rural
A suspensão do crédito equalizado compromete o acesso dos médios e grandes produtores a recursos fundamentais para financiar insumos, maquinário e infraestrutura. Apesar de as exigências para acesso ao crédito serem elevadas, os pequenos produtores não foram diretamente afetados, pois os recursos do PRONAF permanecem disponíveis.
O Plano Safra é uma política de Estado e não apenas de governo, sendo importante para manter a produção agropecuária em níveis elevados. "Quase R$ 1 trilhão em financiamentos privados movimentam o agro, mas o governo tem um papel fundamental ao equalizar os juros para aqueles que não têm acesso ao crédito privado", destacou Lupion.
Repercussão no mercado e na inflação
A falta de crédito também reflete nos custos da produção agropecuária, pressionando a inflação dos alimentos. Insumos básicos, como rações utilizadas na produção de ovos e carne, encarecem, afetando toda a cadeia produtiva.
A inflação já impacta itens importantes da cesta básica, o que deve se agravar com a restrição de crédito aos produtores. "O preço dos alimentos não sobe porque o agro lucra mais, mas sim porque a economia está fraca e desorganizada", criticou Lupion.
O ofício do governo reforça que a necessidade de ajuste fiscal foi determinante para a decisão, mas não traz previsibilidade sobre uma possível recomposição dos recursos. A incerteza gera insegurança para o setor agropecuário e para o mercado de alimentos.
Cenário político e cobrança por soluções
A FPA reitera a necessidade de planejamento eficiente e maior previsibilidade na política de crédito rural. Para os parlamentares do setor, a paralisação das linhas de financiamento demonstra a falta de prioridade do governo para com a agropecuária nacional.
"Estamos comprometidos em cobrar soluções para restabelecer o crédito rural. Os produtores precisam de respeito e de condições adequadas para garantir a segurança alimentar do país", concluiu a FPA em nota oficial.
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