Preços dos ovos batem recordes em fevereiro no Brasil
Os preços dos ovos registraram altas expressivas em fevereiro, atingindo patamares históricos. Baixa oferta, clima adverso e demanda sazonal explicam a valorização.
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Os preços dos ovos no Brasil alcançaram níveis recordes em fevereiro de 2025, impulsionados por uma combinação de fatores que incluem a baixa oferta, o aumento dos custos de produção, condições climáticas adversas e a crescente demanda interna. Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indicam que os valores atingiram os maiores patamares reais desde o início da série histórica da instituição.
Baixa oferta e impacto do calor
A disponibilidade de ovos no mercado interno está reduzida devido às altas temperaturas registradas nas principais regiões produtoras. O calor excessivo afeta diretamente a produtividade das aves, reduzindo a postura e aumentando os custos de manutenção dos plantéis. "As altas temperaturas registradas no início do ano impactaram a produtividade das aves, afetando diretamente a oferta e os custos de produção", destaca Tabatha Lacerda, diretora administrativa do Instituto Ovos Brasil.
Em Santa Maria de Jetibá (ES), principal polo produtor, o preço do ovo branco a retirar (FOB) subiu 1,1% entre 12 e 19 de fevereiro, chegando a R$ 236,21 por caixa. Já o ovo vermelho teve aumento de 5% no mesmo período, alcançando R$ 276,54 por caixa. Ambas as cotações representam recordes reais, considerando a inflação pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de janeiro de 2025.
Demanda aquecida impulsiona cotações
A sazonalidade também influenciou a alta dos preços. O período da Quaresma tradicionalmente eleva a demanda por ovos, uma vez que há substituição do consumo de carnes vermelhas por proteínas brancas. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) observa que "durante a Quaresma, há um aumento no consumo de ovos, impulsionado pela mudança de hábitos alimentares". Além disso, o encarecimento de outras proteínas, como a carne bovina e de frango, tem mantido os ovos como alternativa mais acessível para os consumidores.
Exportações em alta com crise nos EUA
O surto de gripe aviária nos Estados Unidos afetou a produção daquele país e impulsionou a demanda por ovos brasileiros. Em janeiro de 2025, o Brasil exportou 220 toneladas para os EUA, um crescimento de 33% em relação ao mesmo período do ano anterior. Embora as exportações representem menos de 1% da produção total do Brasil, a tendência de aumento pode pressionar ainda mais a oferta interna e manter os preços elevados.
Repercussão política e novas regulamentações
A escalada dos preços chamou a atenção do governo federal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como "absurdo" o preço de R$ 40 por uma caixa com 30 ovos e indicou que pretende dialogar com atacadistas para conter a alta. Até o momento, entretanto, não houve iniciativas concretas para um alinhamento com os produtores.
O setor também se prepara para a entrada em vigor da Portaria SDA/MAPA nº 1.179/24, prevista para 4 de março. A norma estabelece novas regras para instalações, equipamentos e nomenclatura de ovos, visando garantir maior segurança e transparência ao setor. O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, defendeu a medida: "O Brasil só é o que é na produção de ovos, de frangos e de alimentos porque tem uma grande sanidade. O aperfeiçoamento das legislações tem que ser constante, com regras bem definidas para garantir essa segurança".
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