Mercado do trigo enfrenta escassez e pressão nos preços
Os preços do trigo continuam subindo no Brasil, impulsionados pela escassez do cereal de qualidade, retração de vendedores e alta demanda interna.
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O mercado do trigo no Brasil segue pressionado por fatores internos e externos que impactam a oferta e os preços do cereal. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a escassez de lotes de alta qualidade tem dificultado a comercialização no mercado spot, levando compradores a priorizarem importações.
O preço do trigo no Paraná atingiu R$ 1.468,17 por tonelada, enquanto no Rio Grande do Sul chegou a R$ 1.326,75 por tonelada. O movimento de alta reflete a retração dos vendedores, que aguardam valores ainda maiores nos próximos meses, e a menor disponibilidade do cereal no mercado interno.
Redução da produção nacional
Após quatro anos de expansão, a produção de trigo no Brasil sofreu uma retração de 11,9% em 2024, alcançando 8,064 milhões de toneladas. A redução é resultado da queda na área plantada, que passou de 3,478 milhões de hectares para 3,061 milhões de hectares. Com um consumo interno estimado entre 12 e 13 milhões de toneladas anuais, o Brasil segue dependente das importações para suprir a demanda.
Impacto do clima e da entressafra
O clima adverso afetou a qualidade e o volume da produção de trigo, especialmente no Sul do país. Chuvas excessivas durante a colheita reduziram a qualidade do cereal, tornando os lotes de alto padrão mais escassos. Além disso, a entressafra limita a oferta do produto no mercado doméstico, contribuindo para a manutenção dos preços elevados.
Alta do dólar encarece importações
Para compensar a redução na oferta interna, os moinhos têm aumentado as compras externas, principalmente da Argentina e do Paraguai. No entanto, a valorização do dólar encarece essas importações, pressionando ainda mais os custos do cereal e dos derivados, como pães e massas.
Perspectivas para 2025
Apesar das dificuldades enfrentadas em 2024, especialistas apontam para uma recuperação do setor em 2025. Estima-se que a área plantada volte a crescer 5,2%, alcançando 3,105 milhões de hectares. Esse aumento deve melhorar a oferta interna e reduzir a dependência das importações. No entanto, a estabilização dos preços dependerá da regularidade climática e das condições do mercado internacional.
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