Seja bem-vindo
,08/03/2025

  • A +
  • A -

Como a falta de dados impacta o avanço dos bioinsumos no Brasil

A expansão do mercado de bioinsumos no Brasil ainda esbarra na falta de dados estruturados e na necessidade de regulamentação eficiente. Especialistas apontam que, sem informações confiáveis, o crescimento do setor pode ser comprometido.

Fonte: Cepea/Esalq/USP
Como a falta de dados impacta o avanço dos bioinsumos no Brasil Foto: iStock/Mapa

O setor de bioinsumos tem ganhado espaço na agricultura brasileira como alternativa sustentável para a redução do uso de agroquímicos sintéticos e a melhoria da saúde do solo. Biofertilizantes, biodefensivos e inoculantes representam uma solução viável para aumentar a produtividade e reduzir impactos ambientais. No entanto, o crescimento desse mercado ainda é lento e enfrenta desafios estruturais.

Entre os principais entraves, está a carência de dados confiáveis sobre a eficiência e viabilidade econômica dos bioinsumos. Sem informações detalhadas, produtores hesitam em adotar novas tecnologias, investidores recuam e reguladores encontram dificuldades para estabelecer normas claras. "A ausência de dados estruturados perpetua a dependência de métodos convencionais, que muitas vezes comprometem a biodiversidade e degradam os solos", aponta um estudo do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.

A demanda por bioinsumos vem crescendo, impulsionada por políticas internacionais voltadas à sustentabilidade. Grandes parceiros comerciais do Brasil têm adotado diretrizes mais rígidas para a compra de produtos agrícolas, exigindo uma transição para modelos produtivos menos impactantes ao meio ambiente. No entanto, sem um mercado bem estruturado, a adaptação do setor brasileiro pode ser prejudicada.

O papel da informação no avanço do setor

A adoção dos bioinsumos exige informações precisas para que agricultores tomem decisões seguras. Questões sobre eficácia, custos, condições ideais de aplicação e comparações com insumos tradicionais ainda são obstáculos para a expansão do setor. "A falta de dados faz com que a mudança represente um risco considerável para o produtor, que muitas vezes prefere manter o modelo convencional", destaca o relatório do Cepea.

Além da incerteza na adoção dos bioinsumos, a falta de informações impacta a demanda. Quando há lentidão no processo de compra, as indústrias perdem oportunidades de venda e enfrentam dificuldades para planejar suas estratégias comerciais. "Informações sobre preços, logística de distribuição e aceitação do consumidor são fundamentais para um mercado competitivo e sustentável", afirma o estudo.

Regulamentação e desafios para o mercado

A recente aprovação da Lei dos Bioinsumos (Lei 15.070/24) trouxe avanços importantes, mas a regulamentação do setor ainda enfrenta desafios. Órgãos reguladores dependem de dados concretos sobre segurança, eficácia e impacto ambiental para aprovar novas formulações. A ausência dessas informações torna o processo lento e pode dificultar a inserção de novas tecnologias no mercado.

Especialistas apontam que, com um banco de dados estruturado, a regulamentação pode deixar de ser um entrave e se tornar um fator de estímulo ao crescimento do setor. "Quando há informações confiáveis, é possível estabelecer normas mais ágeis, garantindo segurança sem comprometer a inovação", ressalta a análise do Cepea.

Além disso, a participação ativa de empresas, pesquisadores e governo na construção de um banco de dados nacional pode fortalecer o setor e atrair investimentos. "A construção de uma base de dados única, com informações primárias coletadas diretamente da indústria e dos produtores, é essencial para oferecer um retrato fiel do mercado de bioinsumos", aponta o relatório.

A colaboração como chave para o futuro

A transformação do setor de bioinsumos depende da união de esforços entre governos, instituições de pesquisa e empresas para garantir transparência e confiabilidade nos dados disponíveis. A falta de um consenso sobre o crescimento do mercado gera incertezas e dificulta a tomada de decisões estratégicas.

Diante desse cenário, o Cepea está conduzindo um esforço para estruturar e consolidar dados sobre o setor no Brasil. Segundo o centro de pesquisa, o acesso a informações detalhadas pode garantir maior previsibilidade para investidores, facilitar a regulamentação e impulsionar a adoção de tecnologias sustentáveis.

Sem dados estruturados, o avanço dos bioinsumos continuará lento e com barreiras para a adoção em larga escala. No entanto, com informações claras e acessíveis, esse setor tem potencial para transformar a agricultura brasileira, unindo produtividade, sustentabilidade e segurança alimentar.




COMENTÁRIOS

Buscar

Alterar Local

Anuncie Aqui

Escolha abaixo onde deseja anunciar.

Efetue o Login

Recuperar Senha

Baixe o Nosso Aplicativo!

Tenha todas as novidades na palma da sua mão.