O mercado agropecuário brasileiro tem se transformado com o avanço da tecnologia, a busca por sustentabilidade e a maior presença feminina no setor. Uma das protagonistas dessa evolução é Fernanda Hoe, diretora-geral da Elanco Brasil, que, com mais de 20 anos de experiência, se tornou a primeira mulher a liderar uma multinacional de saúde animal no país.

Da veterinária ao agronegócio

Natural de São Paulo e sem histórico familiar ligado ao agro, Fernanda ingressou na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, para cursar medicina veterinária. Durante a graduação, desenvolveu interesse pelo setor de pecuária, realizando estágios e trabalhos em fazendas.

"Eu comecei a ter contato com o agro quando fui para a faculdade no interior e passei a acompanhar de perto a realidade do campo", conta Fernanda. A experiência prática levou à sua primeira atuação profissional na região de Passos (MG), onde trabalhou na melhoria da qualidade do leite.

A ascensão na Elanco

A transição para a indústria de saúde animal ocorreu de forma natural. Fernanda passou a atuar em marketing e estratégias de negócios antes de ingressar na Elanco, onde está há 12 anos. "Iniciei na Elanco como responsável pelo lançamento de novos produtos para a América Latina e fui evoluindo em posições de liderança", explica.

A experiência acumulada levou à sua nomeação como diretora-geral, um marco no setor. "Foi um desafio, mas também um movimento natural, pois já vinha lidando com gestão de equipes e estratégias de negócios", destaca.

O desafio da inovação e sustentabilidade

A liderança de Fernanda Hoe na Elanco tem sido pautada pela inovação e sustentabilidade. A empresa investe em pesquisas para desenvolver soluções que melhorem a eficiência da pecuária, reduzam impactos ambientais e promovam bem-estar animal. "Trabalhamos para oferecer tecnologias que auxiliem os produtores a melhorar a produtividade e a sustentabilidade dos seus sistemas", afirma.

Um dos desafios recentes foi a mudança na obrigatoriedade da vacinação contra febre aftosa, o que impactou a rotina dos produtores. "Houve um momento em que muitos deixaram de seguir protocolos sanitários, mas agora já vemos um ajuste, com um olhar mais atento para a prevenção e gestão da saúde animal", comenta.

Mulheres no agronegócio

O avanço da participação feminina na agropecuária é outro ponto destacado por Fernanda. "Quando comecei, eu era a única mulher na maioria das fazendas. Hoje, vejo um aumento expressivo de mulheres em posições de liderança e no campo", diz.

Segundo ela, essa presença tem influenciado positivamente a gestão das propriedades, trazendo um olhar mais atento ao bem-estar animal, à sustentabilidade e à inovação no setor.

Tendências da pecuária

A pecuária brasileira tem evoluído, e Fernanda aponta três principais mudanças: aumento da produtividade, maior atenção ao bem-estar animal e crescimento da integração lavoura-pecuária. "A média brasileira de produtividade por hectare quase dobrou nos últimos 30 anos", enfatiza.

Outro ponto fundamental é o limite da intensificação. "A pecuária precisa de espaço e condições adequadas para ser eficiente. Algumas propriedades já atingiram a taxa máxima de lotação, e agora o desafio é otimizar o manejo para manter o rendimento", explica.

O futuro da Elanco e do mercado

A Elanco segue apostando em inovação e crescimento no mercado pet, segmento que vem se expandindo significativamente no Brasil. "Hoje, temos um dos portfólios mais amplos para cães e gatos, com produtos voltados à saúde, nutrição e bem-estar", destaca Fernanda.

Para mulheres que buscam espaço no agro, a executiva incentiva a autoconfiança e preparação técnica. "O mais importante é ser autêntica, buscar conhecimento e construir uma rede de apoio. A diversidade está crescendo e há espaço para todas", conclui.