Goiás completa um ano sem vacinação contra aftosa
Goiás celebra, nesta terça (25), um ano do reconhecimento como zona livre de febre aftosa sem vacinação, com expectativa de validação internacional em maio.

Há um ano, em 25 de março de 2024, Goiás foi oficialmente declarado zona livre de febre aftosa sem vacinação, conforme a Portaria nº 665 do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A medida marcou um ponto de virada para a pecuária do estado, que passou a figurar entre as regiões brasileiras com maior reconhecimento sanitário, ampliando as oportunidades comerciais no mercado internacional.
O status sanitário foi conquistado após o cumprimento integral das etapas previstas no Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PE/PNEFA). Entre os requisitos estavam a interrupção da vacinação, implementada em novembro de 2022, e o fortalecimento das ações de monitoramento e vigilância.
Segundo o presidente da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), José Ricardo Caixeta Ramos, o trabalho de fiscalização e prevenção permanece ativo. “A vacinação contra febre aftosa não é mais realizada no estado, porém o trabalho de vigilância é contínuo. O Governo de Goiás, por meio da Agrodefesa, segue empenhado em cumprir as diretrizes previstas no PNEFA”, afirmou.
Entre as ações em curso estão a intensificação da fiscalização nas divisas estaduais, atividades educativas junto aos pecuaristas e o aperfeiçoamento dos sistemas de rastreabilidade do rebanho. O objetivo é garantir a manutenção do status sanitário e assegurar que o estado esteja apto a atender aos padrões exigidos por mercados com alto nível de exigência sanitária.
A retirada da vacinação também trouxe impacto direto para o bolso do produtor. Além da valorização dos produtos pecuários, a suspensão da obrigatoriedade da vacina reduziu custos com insumos e logística, aumentando a margem de rentabilidade na atividade.
Com o reconhecimento nacional consolidado, Goiás agora aguarda o próximo passo: o reconhecimento internacional por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Em fevereiro deste ano, a Comissão Científica da entidade aprovou o pedido do Brasil para a certificação de zonas livres de febre aftosa sem vacinação. A decisão final será tomada em maio, durante a assembleia da OMSA, em Paris.
Rafael Vieira, diretor de Defesa Agropecuária, afirma que a expectativa é positiva. “Seguimos um rigoroso plano de vigilância, garantindo que o rebanho permaneça protegido e que Goiás continue avançando nesse cenário. Por isso, acreditamos que alcançaremos o reconhecimento internacional em maio”, declarou.
O contexto sanitário mundial favorece a posição brasileira. Países europeus como Alemanha, Eslováquia e Hungria, que haviam erradicado a doença, notificaram casos recentes de febre aftosa em bovinos e suínos. A estabilidade do rebanho brasileiro, mesmo sem vacinação, fortalece a credibilidade da pecuária nacional diante de mercados exigentes.
A OMSA considera diversos critérios para a concessão do certificado, incluindo a robustez do sistema de vigilância, a ausência de circulação viral e a capacidade de resposta rápida a possíveis surtos. Goiás, ao lado de outros estados que compõem a zona livre reconhecida pelo Mapa, cumpre esses requisitos com o suporte técnico da Agrodefesa e a adesão dos produtores rurais.
Desde o início da transição para a retirada da vacinação, Goiás tem investido em capacitação técnica, infraestrutura de controle e informatização de dados agropecuários. Essas medidas têm contribuído para tornar o estado uma referência no controle sanitário de doenças que impactam diretamente a cadeia da carne bovina e de produtos de origem animal.
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