Disputa EUA-China aquece mercado de fazendas no Brasil
Conflito comercial entre EUA e China aquece mercado rural no Brasil, com aumento na demanda por soja e bovinos impulsionando a busca por terras.

A intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China tem provocado mudanças no agronegócio mundial, com reflexos diretos no Brasil. Após sanções tarifárias impostas por Donald Trump, a China suspendeu a compra de carne bovina de mais da metade dos fornecedores americanos e aumentou as importações de soja brasileira.
Produção nacional em ritmo de ajuste
A reação chinesa provocou um realinhamento nas cadeias produtivas brasileiras. No entanto, atender à nova demanda exigirá agilidade. "Muitos produtores abateram matrizes envelhecidas em 2024, e a renovação do rebanho exige tempo", aponta Adenauer Rockenmeyer, do Corecon-SP. O mesmo se aplica a culturas como soja e milho, que demandam planejamento e ciclo agrícola completos.
Para suprir o mercado asiático, o setor deve apostar em tecnologia e expansão territorial. Embora haja limitações legais para aquisição de terras por estrangeiros, o investimento externo pode chegar por meio de tecnologias e insumos. “Com nossa vasta capacidade de terras agricultáveis, o impacto será extremamente positivo”, afirma Rockenmeyer.
Efeitos imediatos no setor imobiliário rural
O reflexo já é percebido no mercado de terras. Segundo Geórgia Oliveira, CEO da plataforma Chãozão, a procura por fazendas cresceu 40% em uma semana. “O foco está em áreas destinadas à soja e bovinocultura, principalmente para arrendamento em Goiás e Mato Grosso”, relata. Apesar da estabilidade dos preços, há expectativa de reajustes conforme a demanda se intensifica.
Projeções revisadas para o setor de propriedades rurais
Diante do novo cenário, a plataforma Chãozão prevê um crescimento de mais de 200% no volume de anúncios e na procura por propriedades até o fim do ano. “A tendência é clara, o interesse está crescendo, e estamos nos preparando para acompanhar essa demanda”, disse Oliveira.
De acordo com a corretora Ediene Costa, CEO da Rural Urbano Imóveis, sediada em Goiás, a especulação por imóveis rurais aumentou de forma expressiva. Há ainda um certo receio por parte dos investidores, principalmente em relação aos preços da terra que continuam em patamares elevados. Costa, que tem grande experiência nessa área afirma que a continuar como está, o mercado deverá aquecer e os preços realmente devem subir ainda mais.
"Não vejo viés de baixa nos valores da terra. Muitos produtores estão animados com a produtividade da soja e com as condições do milho plantado. O preço da arroba também tem deixado muita gente otimista, porém, a variação de preços, em especial da soja, faz com que investidores pensem um pouco mais antes de concretizar negócios", afirmou.
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