O acirramento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, somado às novas regras europeias para importações, tem remodelado o cenário global da indústria têxtil. Atenta a esses movimentos, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) liderou uma missão internacional nesta semana, com agendas em Londres e Bruxelas, para reforçar a posição do algodão brasileiro no mercado europeu.

A delegação foi formada por dez representantes da Abrapa, da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), da Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa) e da Associação Mato-grossense de Produtores de Algodão (Ampa).

"O futuro da indústria têxtil e do consumo de moda no mundo pode ser mais sustentável e responsável com a contribuição do algodão", afirmou Gustavo Piccoli, presidente da Abrapa. Segundo ele, a fibra natural possui origem renovável, é biodegradável e tem menor impacto ambiental, além de ser segura para a saúde humana.

Mercado europeu e interlocução com organizações estratégicas

O Reino Unido e a União Europeia, principais importadores mundiais de vestuário, foram o foco da agenda. As atividades ocorreram em Londres e Bruxelas, onde a comitiva se reuniu com entidades como Textile Exchange, Make The Label Count (MTLC), Better Cotton e International Cotton Advisory Committee (ICAC).

Além dos encontros com organizações, o grupo também dialogou com a embaixada brasileira em Londres e em Bruxelas, e com os adidos agrícolas nas duas capitais.

Alinhamento com a diplomacia comercial brasileira

A agenda incluiu ainda a participação em evento na Polônia, promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Ministério das Relações Exteriores (MRE) e Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O encontro reuniu representantes de embaixadas brasileiras em 12 países europeus para discutir estratégias de mercado para o algodão e outros produtos.

Marcelo Duarte, diretor de Relações Internacionais da Abrapa e responsável pelo programa Cotton Brazil, avaliou positivamente os resultados. "Temos um contato próximo e sólido com a indústria têxtil mundial. É fundamental ampliarmos essa relação junto aos tomadores de decisão europeus", destacou.

Brasil se consolida como referência em algodão sustentável

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de algodão, atrás apenas de China e Índia. No ciclo 2023/24, o país alcançou o posto de maior exportador global da fibra e se manteve como principal fornecedor de algodão certificado pelo programa Better Cotton.