A 30ª edição da Agrishow, maior feira de tecnologia agropecuária da América Latina, reafirmou seu protagonismo ao reunir mais de 800 marcas expositoras e ao projetar a movimentação de cifras bilionárias em negócios. Além da inovação e tecnologia em destaque, os discursos trouxeram reflexões profundas sobre o passado, presente e futuro do agronegócio brasileiro.

Valorizando a trajetória e homenageando pioneiros

João Marchesan, presidente da Agrishow, emocionou o público ao relembrar a história da feira, destacando a coragem das quatro empresas fundadoras — Baldan, Jacto, Jumil e Marchesan — que, em 1994, acreditaram na ideia de criar um evento voltado à difusão de tecnologia no campo. Marchesan homenageou os dirigentes dessas companhias pela resiliência demonstrada, especialmente após os desafios enfrentados na segunda edição da feira, que quase comprometeu a continuidade do projeto.

"Foi a persistência desses visionários que consolidou a Agrishow como o que é hoje: a maior vitrine de inovação agrícola do hemisfério sul", afirmou Marchesan. Em seu discurso, ele também destacou a importância crescente da participação feminina no agro, celebrando o aumento de mulheres liderando propriedades e ocupando espaços estratégicos no setor.

Inovação e tecnologia como prioridades inadiáveis

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, trouxe uma análise realista sobre a necessidade de maior investimento em pesquisa e desenvolvimento para o campo. Ressaltou que, apesar dos avanços proporcionados por instituições como a Embrapa, o Brasil corre o risco de ficar para trás frente às economias asiáticas que investem pesadamente em formação de capital humano e tecnologia.

Caiado também criticou a falta de um seguro rural abrangente e acessível, apontando que a ausência dessa ferramenta compromete a capacidade de expansão da produção. Para ele, a manutenção da competitividade do agro brasileiro exige urgentes mudanças estruturais nas políticas de financiamento e incentivo à inovação.

Minas Gerais: fortalecimento estrutural e valorização dos produtos locais

Romeu Zema, governador de Minas Gerais, destacou a profunda transformação pela qual o estado passou nos últimos anos. Investimentos em infraestrutura elétrica, ampliação do patrulhamento rural e apoio a pequenos e médios produtores foram apontados como elementos fundamentais para que Minas Gerais se tornasse um dos maiores polos agroexportadores do país.

Zema ressaltou o apoio à produção de alto valor agregado, como cafés especiais, queijos artesanais e cachaças premium, cujos produtos têm conquistado reconhecimento internacional. "A riqueza do nosso agro está na diversificação e na qualidade", afirmou.

Compromissos federais com a agroindústria e exportação

Representando o governo federal, o vice-presidente Geraldo Alckmin apresentou um pacote de iniciativas destinado a fomentar a agroindústria e a inovação no Brasil. O programa Nova Indústria Brasil (NIB) coloca a agroindústria como prioridade absoluta, com R$ 80 bilhões destinados a financiamento para projetos inovadores, incluindo juros favorecidos.

Alckmin destacou também medidas para fortalecer o uso de biocombustíveis, como a ampliação da mistura de etanol na gasolina e o estímulo ao biodiesel, ressaltando a sinergia entre agricultura e energia renovável. "Agro e indústria são setores siameses: o crescimento de um impulsiona o outro", afirmou o vice-presidente.

Convergência de propósitos: inovação, inclusão e sustentabilidade

A despeito de abordagens distintas, os discursos convergiram na convicção de que o futuro do agronegócio brasileiro depende da capacidade de investir em ciência, tecnologia e inclusão. A valorização da presença feminina, a atenção aos pequenos produtores e a busca por soluções sustentáveis foram temas comuns nas falas.

Com três décadas de história, a Agrishow 2025 reafirma sua condição de espelho do agro brasileiro: resiliente, inovador e em constante evolução, pronto para enfrentar os desafios globais e ampliar sua liderança no mercado internacional.